Em fevereiro de 2016, com
relativa sorte, descobri um “mistério” familiar que há muito tempo procurava
desvendar. Esta família que me refiro, agora conhecida, se trata dos PAIVAS ARANTES de Paula Lima.
Em minhas pesquisas e registros
iniciais, descobri que era tetraneto de Antônio Theodoro de Arantes e Maria das
Dores de Paiva. Inicialmente, não tinha nenhuma informação sobre a citada
esposa, e, quanto ao marido, tinha grandes suspeitas de ser ligado aos Arantes
Marques de Aiuruoca e Andrelândia, visto que, no casamento de Maria Theodora
Arantes (filha do casal) e Ezequiel José Franco, realizado em Chapéu D’Uvas em
30/09/1872, as testemunhas do matrimônio foram: tenente João Eustáquio de
Arantes, Tristão Joaquim de Arantes e Mathilde Cândida de Arantes, todos
ligados aos tradicionais e numerosos Arantes de Aiuruoca, descritos no Projeto
Compartilhar. O Antônio Theodoro, pai da noiva, aparece nos “Almanaks
Administrativos de Minas Geraes”, como alferes entre 1867 e 1872 e cultor de
café em 1874. No período que foi alferes, o tenente era o dito João Eustáquio
de Arantes.
Em pesquisa junto ao Arquivo
Histórico da Universidade Federal de Juiz de Fora, descobri o inventário de
Maria das Dores de Paiva, falecida em 23/11/1871, inventariada em 1872, pouco
antes do casamento da filha, Maria Theodora. No entanto, o documento, embora
trouxesse informações de grande valia, como a relação de filhos, não informava
o nome dos pais de Maria das Dores ou do marido Antônio.
Este “desconhecimento” sobre as
origens de Antônio Theodoro de Arantes, e, ao mesmo tempo, a proximidade deste
com os Arantes Marques de Aiuruoca era algo que me intrigava profundamente,
pois, pela sua suposta data de nascimento, o mesmo já deveria estar mencionado
nas genealogias do Projeto Compartilhar relacionado aos Arantes, caso fosse
parente dos mesmos, mas não havia nenhum indício. Talvez eu tenha passado um ou
dois anos “quebrando a cabeça” com esta questão. No entanto, em fevereiro deste
ano, ao encontrar, em Andrelândia o casamento de Antônio Theodoro de Arantes e
Maria das Dores de Paiva, o mistério foi resolvido, e, para a minha surpresa, foi
Maria que apresentou abrangente e distante genealogia, enquanto que, Antônio, seu
marido, era “filho exposto”.
Antônio e Maria das Dores se
casaram em 14/06/1852 ás três horas da tarde, na paróquia de Nossa Senhora do
Porto da Eterna Salvação, Andrelândia. O noivo, Antônio Theodoro de Arantes era
“exposto” em casa de Antônio Manoel A[?] – nome ilegível, enquanto Maria das
Dores de Paiva era filha legítima de João Basílio de Paiva e Josefa Custódia
Ribeiro. As testemunhas foram João Ribeiro do Valle e Joaquim Pereira Godinho.
O vigário foi Joaquim Rodrigues Nogueira.
No inventário de Maria das Dores
de Paiva, em 1872, cujo inventariante foi seu marido, é possível encontrar na
página 06 a relação dos filhos:
1º) D. Maria
Theodora de Arantes, já casada com Ezequiel José Franco. [trisavós do autor do
blog]
2º) D.
Mariana, 17 anos
3º) D.
Josephina, 14 anos
4º) João, 12
anos
5º) Joaquim,
11 anos [Posteriormente, é o Joaquim Leonel de Arantes, tenente-coronel da
Guarda Nacional e subdelegado em Piau entre 1900-1915] – informação do
genealogista Sérgio Mandrioli].
6º) D.
Ignácia, 10 anos
7º) D. Idalina,
9 anos
8º) D. Maria,
6 anos
9º) D. Délia,
7 anos
10º) Avelino,
3 anos
11º) D.
Brazelina [não entendi a idade]
12º) Tristão,
1 ano
Os filhos do casal, em grande
parte, deixaram descendentes em Paula Lima, Piau e Juiz de Fora.
Quanto ao casal progenitor da
família acima, as relações de Antônio Theodoro de Arantes com os Arantes de
Aiuruoca foi de grande afinidade, mas, naturalmente, era “filho exposto”
(órfão). Quanto a Maria das Dores de
Paiva, foi possível descobrir remotas origens. Seu pai, João Basílio de
Paiva, aparece no Censo de 1831 de Andrelândia, junto com a esposa. O mesmo
tinha 44 anos idade. Provavelmente, este é o mesmo João, batizado em
24/06/1787, filho de João de Paiva e Silva e Maria Rodrigues, casados em
06/10/1773, em capela filiada a Matriz de São João Del Rey. Sua ascendência
consta na publicação “PAIVA – de Vila Real para Carrancas”, do Projeto
Compartilhar, realizada por Regina Junqueira e Bartyra Sette, com colaboração
de Moacyr Urbano Villela.
Josefa Honória, a mãe de Maria
das Dores, também aparece no Censo de 1831, com 30 anos, fiadeira. A mesma é relacionada
no “§ 8º Ângela Joaquina Ribeira Salgado”, publicação também realizada pelo
Projeto Compartilhar. Josefa é a filha nº 9 de Ângela.
No mesmo PROJETO COMPARTILHAR,
nas publicações “As origens da família Ribeiro Salgado”, “João Mendes de Leão”,
“Antônio Vieira e Francisca de Macedo”, e, no sítio TÍTULOS PERDIDOS, de Lênio
Richa, é possível construir toda a genealogia
de Josefa Honória. A mesma possui vasta ascendência conhecida, sendo descendente
dos Ribeiros do Valle, de Cajuru/Aiuruoca, João Garcia Pinheiro e Maria Leal,
casal da Ilha do Faial, dos Ribeiros Salgados, de Aiuruoca, João de Almeida
Silva, português de Braga, João Mendes de Leão, da Candelária-RJ e Manuel
Ferreira de Souza, “o quaresma”, ferreiro do Rio de Janeiro. Há também ramos
paulistas em sua ascendência, como Antônio Raposo Tavares, grande bandeirante,
os Pires (Salvador Pires), a família Antas Moraes e os Annes Sobrinhos. Por
respeito às fontes bibliográficas que aqui cito, não reproduzirei as
ascendências, apenas as menciono. No entanto, todas as fontes estão disponíveis
para as devidas consultas.
BIBLIOGRAFIA:
- Casamento: Ezequiel
José Franco e Maria Theodora Arantes. Chapéu D’Uvas, 30/09/1872. Paróquia Nº
Srª da Assunção – Paula Lima. Livro 1871/1888, folha s/nº, termo s/nº. Certidão
de casamento emitida pela Cúria Metropolitana de Juiz de Fora em 27 de Agosto
de 2014.
- Inventário de Maria
das Dores de Paiva. Inventariante: Antônio Teodoro de Arantes. 1872. 21º processo,
caixa 93, ID 531. Digitalização: Tarcísio Daniel da Silva. Tratamento das
imagens: Roberto Gouvêa (bolsista). Juiz de Fora, 21 de julho de 2014. Fundo
Benjamim Colucci. Arquivo Central. Universidade Federal de Juiz de Fora.
- Casamento: Antônio
Theodoro de Arantes e Maria das Dores de Paiva. Family Search, Nossa Senhora do
Porto da Eterna Salvação, Andrelândia. Página 81 de 107, livro de Matrimônios,
1844, Fev - 1857, Fev. 14/06/1852.
- Censo de 1831 de
Andrelândia. Projeto “Poplin-Minas 1830”. Cedeplar – UFMG.
- PROJETO COMPARTILHAR.
Disponível em: http://www.projetocompartilhar.org/
Trabalhos Consultados:
Cap. 2º Ana da Cunha de Carvalho (Família
Arantes)
PAIVA – de Vila Real para Carrancas
§ 8º - Ângela Joaquina Ribeiro
Salgado
As origens da família Ribeiro Salgado
Ascendência de André do Valle Ribeiro
João Mendes de Leão e ascendência de
João de Almeida Silva
Antônio Vieira e Francisca de Macedo
- GENEALOGIA BRASILEIRA - TÍTULOS PERDIDOS – Lênio Richa.
Disponível em: http://www.genealogiabrasileira.com/cantagalo_ptindice.htm
Famílias/Troncos consultados:
Raposos Tavares
Antas Moraes
Annes Sobrinhos
Caro Saulo, meus parabéns pela excelente pesquisa, organização, citações, etc.
ResponderExcluirSou descendente (trineto) da D. Idalina que aparece no inventário de Maria das Dores - o nome completo foi Idalina Cândida de Arantes.
Mais tarde ela se casou com Januario Pantolfo (Pantolpho), italiano, e se mudou para Dores de Paraibuna (Santos Dumont-MG) onde teve pelo menos seis filhos, incluindo meu bisavô José Pantolpho de Arantes em 1893. Idalina faleceu em 1940.
Fiquei especialmente surpreso com o grande número de fontes que buscou, que eu nem mesmo sabia da existência. Para buscar o casamento de D. Idalina e Januario Pantolfo, qual fonte você acredita que possa ajudar?
Enviei um e-mail usando o link do blog, com maiores detalhes.
Muito obrigado e mais uma vez, meus parabéns!
Felipe Maia Arantes (fmarantes@gmail.com)
Felipe Maia,
ResponderExcluirBoa tarde!
Prazer em conhecê-lo primo! A ascendência da Maria das Dores de Paiva é conhecida e vasta! Veja depois o site do PROJETO COMPARTILHAR. Temos muitos antepassados paulistas, entre eles, Antônio Raposo Tavares (famoso bandeirante) e Balthazar de Moraes D'Antas, que possui ascendência na Europa Medieval [ver o trabalho de Manuel Abranches de Soveral na base de dados ROGLO].
Quanto ao casamento de Januário Pantolpho e Idalina, é necessário saber o ano que se casaram e o local exato. Se for pós 1890, o casamento deve constar em CARTÓRIO; Se não me engano, o cartório de Paula Lima é bem antigo. Se for antes, vai ter apenas registro na Igreja.
No que eu puder ajudar, estou ás ordens,
Muito obrigado pelas palavras,
Grande abraço,
Saulo
Boa tarde, Saulo!
ResponderExcluirO prazer é meu, primo! Consultei o PROJETO COMPARTILHAR, a informação dos antepassados é realmente fantástica.
Enviei e-mail o Arquivo da UFJF sobre o fundo Benjamin Colucci que você cita e recebi a tabela de consulta. Parece-me que há também o inventário Antonio Theodoro (Teodoro) de Arantes de 1893 (NP 10, Caixa 266, ID 1706, 1893) neste fundo. Vou procurar obtê-lo para verificar novas informações.
Quanto ao casamento de D. Idalina com Januario Pantolfo (Pantolpho), pedi mês passado uma busca para a cúria de JF, Mas não foi encontrado. Pedi hoje novamente para um período anterior, pois na certidão de óbito dela consta que se casou em Paula Lima. É estranho porque o filho mais velho deles que tenho conhecimento nasceu em 1889, e havia pedido o casamento desde 1884... Enfim, há possibilidade, já que pelo inventário que você encontrou, ela nasceu aprox. em 1863. Pedi o período anterior (desde 1876!) e estou torcendo!
Uma pergunta: nesta época, como eram registradas às compras de imóveis? No óbito de Januario, 1923, consta que ele deixou bens, mas não havia registro em cartório.
Conseguiria me enviar a imagem da certidão de casamento de Ezequiel e Maria Theodora?
Obrigado, abraços!
Caro Felipe, boa tarde! Primeiramente, me perdoe a demora em lhe responder. Meu e-mail, que sempre recebe notificações de quem faz comentários no BLOG, não recebeu nada; deve ser alguma falha. Só hoje que estou passando um "pente fino" nos comentários do BLOG. Bom, quanto ao casamento de Ezequiel e Maria Theodora, eu tenho o documento da Cúria. Se quiser, posso lhe enviar uma foto da certidão. Abç!
ExcluirCaro Saulo Franco
ResponderExcluirGostei das informações apresentadas, fontes.
Estou me aventurando agora na genealogia e descobri algumas coisas tb no projeto compartilhar, no site geneaminas e algumas informações familiares.
Sou trineto de Antônio e Maria das Dores.
Bisneto de Joaquim Leonel de Arantes
Minha avó, filha de Joaquim Leonel, era Esmeraldina Arantes.
Espero que eu consiga me aprofundar da mesma forma com a ascendência de minha mãe (está difícil), já que na do meu pai consegui me aprofundar bem, tanto pelos Arantes quanto pelos Mourão.
Abraços
Em tempo: É possível que ne envie por email cópias ou fotos dos documentos encontrados sobre Antônio e Maria das Dores ou seus descendentes?
ResponderExcluirE de qual filho(a) deles vc descende?
Caro Erimar, a ascendência da Maria das Dores de Paiva "avança", até os primórdios do Brasil e Portugal. Se você é descendente do Joaquim Leonel de Arantes, antigo delegado no Piau, você é parente próximo do Sr. José Mourão, advogado, que escreveu livros sobre Piau. Sou descente da Maria Theodora, irmã do Joaquim Leonel. Por favor, me escreva para saulo_franco@yahoo.com.br, para que eu possa compartilhar com você alguns arquivos. Abraço!
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