domingo, 8 de outubro de 2017

LEMES: Revisão Genealógica e Descendência

A família Leme, dentre as tratadas por Taques e Silva Leme, é, certamente uma das famílias mais célebres e conhecidas no Brasil. Sua descendência é extremamente vasta, principalmente na região centro-sul do país. E sua ascendência também é muito estudada, seja em Brugges - Flandres (atual Bélgica) seja em Portugal e Ilha da Madeira.
Em Portugal, antigos genealogistas, como Soeiro, Montarroyo e Gayo, estudaram a família. Sempre citavam a “nobreza desta família” e os muitos estudos existentes sobre a sua origem na atual Bélgica. Taques, nosso célebre pesquisador paulista, foi o primeiro “brasileiro” a estuda-la, na grande obra “Nobiliarchia Paulistana”, desenvolvida no século XVIII, com posteriores contribuições do cônego Roque de Macedo Leme e, mais tardiamente, Silva Leme, na clássica “Genealogia Paulistana”. Embora tais pesquisadores desenvolveram com grandiosidade a genealogia dos Lemes, principalmente quanto aos ramos paulistas, faltava-se exatidão nas origens da família na sua gênese em Portugal, Ilha da Madeira e Flandres.
Nestas genealogias, as dificuldades são peculiares. Há considerável repetição de homônimos, como “Martim Leme” e Antônio/Antão Leme. Os registros e datas escassos, e as viagens e transferências destes Lemes entre Flandres, Portugal e Ilha da Madeira só aumentavam as dúvidas e equívocos, gerando consideráveis incertezas. Na internet mesmo, há uma considerável “variedade” de genealogias dos Lemes. Eu mesmo, em postagem neste blog, realizada no dia 30/01/2016, sob o título “Os Lemes e a ligação aos Barros e Câmaras na Ilha da Madeira”, realizo longa reflexão sobre apenas uma das dúvidas acerca da família.
Felizmente, pesquisadores recentes/modernos, como Margarida Ortigão Ramos Paes Leme, Marta Amato, Douglas Fazolatto, Manoel Valente Borbas, Manuel Abranches de Soveral, Phillipe Garnier e os flamengos André Claeys e Ruud Lem desenvolveram trabalhos recentes, embasados em documentação concreta e sólida, que não só corrigem diversos erros das antigas genealogias como permitem entendermos a origem dos Lemes em Portugal (todos citados na Bibliografia), apesar de ainda existirem alguns “conflitos” nestas construções modernas.
Nesta postagem, o meu intuito é estudar os trabalhos dos pesquisadores citados, fazer uma revisão bibliográfica e construir um esboço familiar, compilando os estudos recentes, mas sem desprezar informações trazidas por antigos genealogistas. Não pretendo desenvolver a descendência paulista, visto que os mesmos já estão detalhadamente descritos nas obras de Taques, Silva Leme e na revisão de Marta Amato. O foco deste estudo será a gênese dos Lemes em Flandres, Portugal e Ilha da Madeira a partir da revisão literária dos citados estudos. A formatação deste estudo será no modelo que Gayo e outros antigos genealogistas utilizavam, em parágrafos e números. Além desta metodologia adota, esclareço a adoção de “numerar” homônimos, a minha maneira, no intuito de evitar equívocos e confusões.
Nos trabalhos de pesquisa, além das elucidações, surgem dúvidas. Enquanto escrevia este texto e as primeiras gerações dos Lemes, surgiu um questionamento: Mesmo com a reconhecida nobreza da família, poderia haver algum “vínculo” com cristãos-novos?
Segue o estudo:
LEMES:
§ 1
N1 – LEM GILLES é o primeiro “Leem/Leme” conhecido, mencionado em documento referente ao filho:
N.2: Lem Baldwin, que segue.


N2 – LEM BALDWIN, documentado em 1338, natural de Saint Winoksbergen, atual fronteira franco-belga. Este, foi pai de:
N.3: Guilhen (William) Lem, que segue.


N3 – GUILHEN LEM, natural de Saint Winoksbergen, nascido aproximadamente em 1365. Em 1383, com o ataque das tropas do Rei da França Carlos VI a S. Winoksbergen, teria deixado a localidade, imigrando para Brugges. Por volta de 1384, se casou com CLAIRE VAN BEERNEM, filha de JAN, Senhor de Beernem, fundadora da Capela de S° Juliano na Catedral de S. Donau em Brugges. Seus filhos foram:
N.4: Maerten Lem 1º, que segue.
N.4: [?] Karl Lem. Certamente, é o “Carlos Lems”, almirante na França, conforme descrito por Silva Leme. Genealogistas modernos não o confirmam.


N4 – MAERTEN LEM, nascido por volta de 1385 ou 1395, provavelmente em Brugges, foi moço da câmara de Maximiliano. Mencionado como benfeitor de muitas obras de caridade. Pesquisadores antigos e modernos, como Amato et al e Margarida Ortigão Paes Leme e até mesmo Silva Leme, em sua Genealogista Paulistana, não mencionam a esposa deste Maerten Lem 1°. Houve o filho:
N.5: Maerten Lem 1º (Martim Leme 1°), o PATRIARCA, que segue.


Brasão de Martim Leme 1º, in Margarida Paes Leme (2008)
N5 – MAERTEN LEM 1° (ou MARTIM LEME 1°) nasceu em Brugges, por volta de 1420. Assim como o pai, era dedicado a negócios. Durante o Reinado de Afonso V, em Portugal, mudou-se para Lisboa, provavelmente, pelos idos de 1440-45, com cartas de recomendação ao Rei de Portugal, irmão de Isabela, esposa de Felipe o Bom, Conde de Flandres. Certamente, nestes primeiros anos em Portugal, obteve Brasão de Armas, conforme exposto nos livros do armeiro-mór. Em 07 de junho de 1456, obteve o monopólio da compra e exportação de cortiça por dez anos. Em 1457, aparece como procurador de mercadores flamengos, holandeses e zelandeses em Lisboa, visto que falava português. Em 25/02/1463, se documenta como Escudeiro da Casa de D. Afonso V e morador da cidade de Lisboa, obtendo carta régia de licença de porte de armas para seis dos seus homens, como garantia de escolta de mercadores abastados. Martim Leme, ao que parece, junto com seus filhos, realizou também empreendimentos quanto ao açúcar na Ilha da Madeira, além de empréstimos ao Reino. Em 1463, junto com parceiros, ajudou a Coroa Portuguesa a financiar a primeira expedição de Tânger (fracassada), em mais de 3 milhões de Réis. Por volta de 1466, regressou a Brugges, com os filhos portugueses Antônio e Martim 2°. Em 1470, serviu de fiador do negociante João Esteves, referido como “mercador da nação de Portugal, morador na cidade de Brugges”. Em 1471, financiou, armou e enviou uma Urca na expedição de Afonso V contra Tânger e Arzila, capitaneada por seu filho Antônio. Não é conhecida a data e local de seu falecimento. Talvez, tenha se casado primeiro com uma “senhora BARROSO”, citada por Soeiro, e pesquisadores flamengos modernos, como Claeys e Ruud Lem. Na versão destes, o filho Martim Leme 2º (abaixo) seria fruto deste primeiro casamento. Entretanto, o mesmo, segundo Margarida Paes Leme, consta dentre os filhos legitimados na segunda união de Martim Leme 1º, e, por esta razão, prefiro seguir esta reconstituição, colocando Leonor Rodrigues como mãe do Martim Leme 2º. Certo e confirmado é que, entre aproximados 1450 até 1466, teria vivido em Lisboa, com LEONOR RODRIGUES, mulher solteira, falecida entre 1512 a 1521, tendo os seguintes filhos, legitimados em cartas na data de 06/09/1464:
N.6: Luís Leme.
N.6: Martim Leme 2°, que segue.
N.6: João Leme, nascido em 20/11/1459, em Lisboa. Faleceu em Funchal, na Ilha da Madeira. Foi enterrado no Convento da Igreja de S. Francisco.
N.6: Rodrigo (Ruy) Leme, nascido em 20/11/1460. Em 1494, aparece como Testemunha do TRATADO DE TORDESILHAS. Em carta de 19/09/1497, recebe o Foro de Cavaleiro, de D. Manuel. Foi rendeiro da Alfândega de Funchal. Faleceu antes de 1521.
N.6: Catarina Leme, casada, primeira vez, com Fernão Gomes da Mina. Viúva se casou segunda vez com João Rodrigues Paes, com descendência, em Portugal.
N.6: Isabela Leme. É citada na carta, mas não há informações sobre sua existência.
N.6: Maria Leme, casada em Lisboa com Martim Diniz, com descendência, em Portugal. Não é citada na carta, mas cogita-se a possibilidade de esta Maria Leme ser a mesma pessoa que Isabel Leme. Ou seria esta Maria Leme filha da “senhora Barroso”, suposto primeiro casamento de Martim Leme 2º? [Minha hipótese]
N.6: Antônio Leme. Sua Descrição e Descendência segue no § 2.



Quadro de Martim Leme 2º, em Bruges. Observa-se o Brasão, no canto, diferente de seu pai.
Reproduzido por Margarida Paes Leme (2008)
N.6: Martim Leme 2°, nascido em 12/11/1450, em Lisboa. Ao ir a Flandres, com o irmão, se casou em Setembro de 1467, em Louvain, com ADRIENNE VAN NIEUWENHOVE, nascida em 01/03/1448, filha de Nicolas van Nieuwenhove e Agnes de Metteneye, falecida em 1492. Silva Leme e outros genealogistas o fazem presente na Campanha de Arzila em 1471, com o irmão Antônio, mas não há comprovação de sua presença, ao contrário de seu irmão, cuja presença é documentada. Substituiu o pai em muitos dos negócios, em especial, em casas comerciais em Brugges, Lisboa e Ilha da Madeira. Algumas genealogias o fazem casado na Ilha da Madeira com Maria Adão, filha de Adão Ferreira, neta de Gonçalo Ayres Ferreira; no entanto, não há nenhuma comprovação formal/documental deste matrimônio. Se houve algum matrimônio de um Martim Leme com uma Maria Adão na dita ilha, este pode, talvez, se referir ao seu seu sobrinho homônimo, filho de Antônio Leme. Foi burgomestre de Brugges, tutor do Hôpital de La Potterie [onde há o seu quadro] e dirigiu importante casa comercial. Foi também conselheiro, mordomo e camareiro do arquiduque Maximiliano da Áustria. Nos períodos de 1472-73, 1477-78 e 1480-81 foi burgomestre. Em 1477, instituiu, com a mulher a capela de Nôtre Dame de La Miséricorde na Igreja de Saint Donatien. Seu último mandato foi marcado por crises de escassez de grãos e aumento da pobreza, o que o tornou impopular, e, por isso, exilou-se de Brugges. Segundo Garnier, neste período, possivelmente, esteve na Ilha da Madeira, em dezembro de 1481, jogando cartas por dinheiro. Logo após este episódio, em 18/02/1482, já em Bruges, ofereceu um banquete em honra de Maximiliano da Áustria, acompanhado de sua esposa Maria de Borgonha e Margarida de York, terceira esposa de Carlos, o Temerário. No dia seguinte, chegou um grande carregamento de grãos no porto de Bruges. Este Martim Leme, passou por problemas para honrar compromissos com fornecimento de trigo na Ilha da Madeira, e foi pressionado pelas autoridades locais, mas, o mesmo não estava mais presente na ilha e praticamente não tinha bens na dita ilha, e priorizou o fornecimento em Bruges, local onde concentravam-se suas posses e gozava de prestígio político junto a nobreza flamenga. Mesmo assim, em 1483, é demitido de suas funções em Bruges, muito em razão das desordens e rebeliões populares, devido a questões de abastecimento. Em Faleceu em 27/03/1485, em Louvain, sendo sepultado na Igreja de São Donato, em Brugges.
NOTA: Algumas genealogias, em especial, modernas (Margarida Paes Leme, Marta Amato, Soveral entre outros) de autores flamengos, colocam esta Adrienne van Nieuwenhove se casando com o Martim Leme 1º, logo após seu retorno a Bruges, pai deste Martim Leme 2º, muito em razão de registros de 1481 mostrarem um Martim Leme jogando cartas na Ilha Madeira, além de Henrique Henriques de Noronha informar a existência um Martim Leme casado com Maria Adão Ferreira na dita ilha. No entanto, vou seguir aqui a opinião dos pesquisadores estrangeiros André Claeys e Garnier. Este último, em publicação na revista da ASBRAP, apresentou argumentos sólidos e críveis para entendermos este Martim Leme 2º de Bruges, como o mesmo indivíduo que esteve na Ilha da Madeira em 1481. Inclusive, nas versões supra citadas, que dão Martim Leme 1º c.c. Adrienne van Nieuwenhove e seu filho Martim Leme 2º na Ilha da Madeira, é extremamente curioso o falecimento de pai e filho por volta de 1485, “coincidentemente”. Além disso, este Martim Leme com cargos em Bruges e casado com Adrienne, em seu quadro na dita cidade, demonstra ter um brasão diferente do Martim Leme 1º, ou seja, se há divergência heráldica, certamente são indivíduos diferentes. Estes são sólidos argumentos em favor da tese de Garnier, na minha opinião. O referido pesquisador, em artigo da ASBRAP, expôs uma linha do tempo que mostra como os eventos envolvendo um Martim Leme na Ilha da Madeira e um Martim Leme em Bruges são correlacionados e certamente se referem ao mesmo indivíduo, no caso, Martim Leme 2º.
Martim Leme 2° e Adrienne tiveram os seguintes filhos:
N.7: Charles Lem. Nascido em 12/01/1468 [Foi concebido antes do casamento dos pais?], ocupou cargos na Administração de Brugges, em altos cargos. Se casou em 1503 com Cornélia Veyse, filha de Jan Veyse e Isabela de La Douve. Tiveram uma filha, Adrienne Lem, que se casou duas vezes, mas, sem geração.
N.7: Eleonore Lem. Nascida em 1469, casou-se com Charles De Clercq, Cavaleiro. Tiveram uma filha, Adewyck De Clercq, casada com o Cavaleiro Luís Van Heileweghe, Senhor de Sart.
N.7: Adriaan Lem. Nascido em 02/05/1470, falecido em 17/11/1502. Ocupou cargos e ordens em Brugges. Se casou com Margaret Ritsaert, mas não é documentada geração deste casamento.
N.7: Adrienne Lem. Gêmea do antecessor. Sem informações.
N.7: Jean Lem. Nascido em 09/05/1472, também ocupou posições elevadas na administração de Brugges. Casou-se com Josine Van Wulfsberghe, mas, sem filhos.
N.7: Marie Lem. Nascida em 03/06/1473, falecida em 08/04/1521. Casou-se com Willem Hugonet, de Ypres. Com geração e descendência.
N.7: Martine Lem. Nascida em 1474, falecida em 1511. Casou-se com Rolando Van Moerkerke. Com geração e descendência.
N.7: Agnes Lem. Casou-se com Jan Pascal. Ao que parece, houve três filhos do casal, dos quais dois seguiram vocação eclesiástica.
N.7: Catherine Lem. Casou-se em 05/05/1497, com Peter Van Der Meersch. Com descendência.
N.7: Martim Lem 3°, que segue.


N.7 Martim Lem 3º, filho de Maerten Lem 2º, N 6 do § 1, nascido em 08/09/1476, falecido em 15/10/1539, foi conselheiro de Bruges em 1505 e 1532 e obteve as mais altas posições administrativas em Bruges. Se casou duas vezes. A primeira, com Catharina D'Hamere, falecida antes de 1529, filha de Jan D'Hamere, cavaleiro. Posteriormente, em 1538, casou-se com Joana van Ydeghem, falecida em 04/10/1595, em Saint Andries. Do primeiro matrimônio, houveram os filhos:
N.8: Cornelia Lem;
N.8: Ludovicus Lem;
N.8: Catharina Lem;
N.8: Claudine Lem;
N.8: Louisa Lem;
N.8: Joannes Lem;
N.8: Maerten Lem IV, que segue.



Quadro de Maerten Lem 4º, em Bruges. Reproduzido por André Claeys (2012)


N.8 Maerten Lem 4º, filho de Maerten Lem 3º, N 7 do § 1, nascido por volta de 1516, falecido em 13/07/1597, Bruges, foi o mais proeminente Leme, em Bruges. Foi membro da Congregação do Sangue Sagrado (Holy Blood) em 1553, Prefeito de Bruges e Schepenen em diversas administrações entre 1560 e 1585. Foi casado, primeira vez, com Catharina van Hecke. Segunda vez, em 1579, com Barbara De Boodt, falecida 23/06/1615.
Do primeiro matrimônio, surgiu vasta descendência, presente em Flandres. O pesquisador André Claeys, em seu trabalho, desenvolveu a continuidade da linhagem em Bruges.


LEMES DA ILHA DA MADEIRA



Brasão de Antônio Leme, in Margarida Paes Leme (2008)
§ 2
N.6 ANTÔNIO LEME, filho de Martim Leme 1º, no § 1 N 5, nasceu por volta de 1450, em Lisboa. Em 1466, aproximadamente, foi para Brugges, com o pai, possivelmente acompanhado do irmão Martim Leme 2º. Em razão desta viagem, recebeu a alcunha de “o flamengo”, apesar de ser português. Em 1471, foi capitão da urca enviada por seu pai a Tânger e Arzila, no Marrocos. Em 12/11/1471, recebeu Carta de Brasão de Armas de D. Afonso V, por seus serviços na guerra, diferenciando-se de seu pai na Heráldica. Posteriormente, imigrou para o Funchal, na Ilha da Madeira, com o objetivo de continuar os negócios açucareiros da família. Foi vereador diversas vezes, entre 1485 e 1491. Conforme documentos, teria falecido após 1514. Na Ilha da Madeira, se casou com CATARINA DE BARROS, filha de PEDRO GONÇALVES “DA CLARA” e IZABEL DE BARROS. Tiveram os seguintes filhos:
N.7: Martim Leme. Sem maiores informações. Talvez, este seja o Martim Leme da Ilha da Madeira, casado com Maria Adão Ferreira. Ou, pode ser este o Martim Leme que fora surpreendido no Funchal jogando cartas, ao invés de ser seu tio homônimo, Martim Leme 2º. Não há informações seguras sobre a vida deste Martim Leme, filho de Antônio Leme.
N.7: Pedro Leme, falecido em 1556.
N.7: Aleixo Leme, c.c. Mécia de Melo. Falecido em 1544.
N.7: Rui Leme, c.c. Leonor Vieira, e, posteriormente, com Maria Franco. Falecido em 1566.
N.7: Antônia Leme, c.c. Pedro Afonso de Aguiar. Com descendência.
N.7: Leonor Leme, c.c. André de Aguiar. Este era irmão de Pedro Afonso de Aguiar, supra. Ambos os casais foram citados na sentença de abonação e fidalguia de Pedro Leme, sobrinho-neto destes, no documento de 02/10/1564. A descendência do casal encontra-se na obra de Gayo, no título de Aguiares, § 1 N 6.
N.7: Antão Leme, com descendência no § 3º.


§ 3
N.7 ANTÃO LEME, filho de Antônio Leme, no § 4 N 6. Embora não seja citado no Nobiliário da Ilha da Madeira, de Henrique Henriques de Noronha, sua filiação é indiretamente citada, no instrumento de fidalguia de seu filho, Pedro Leme, quando este menciona Antônia e Leonor Leme como irmãs de seu pai. Teria nascido por volta de 1490-95, na Ilha da Madeira, e, possivelmente, ainda jovem, teria ido ao continente. Por esta razão, memórias posteriores, que serviram bibliograficamente a Henrique Henriques de Noronha, podem tê-lo omitido. Na Ilha da Madeira, ou, no continente, teve o filho Pedro Leme, com mulher desconhecida. Ao que parece, viveu em Óbidos, arredores de Lisboa, e, por volta de 1542-43, mudou-se para o Brasil, com o filho, Pedro Leme, a nora, Luzia Fernandes e a neta, Leonor Leme. Em 1544, foi Juiz Ordinário em São Vicente, e foi sócio do Engenho de São Jorge de Erasmos. Seu filho:
N.8: Pedro Leme, abaixo.
LEMES “BRASILEIROS”
N.8 PEDRO LEME, filho de Antão Leme, supra, nasceu na Ilha da Madeira ou em Óbidos, Lisboa, provavelmente, entre 1515-20. Silva Leme e outras genealogias, mencionam um primeiro casamento com ISABEL PAES, mas, certamente, o mesmo não ocorreu, visto que não há menção em seu testamento deste primeiro casamento e suposto filho, que seria Fernão Dias Paes. Se o mesmo realmente tivesse um filho varão, jamais esqueceria de citá-lo em seu testamento. Marta Amato, em sua revisão da Genealogia Paulistana, faz tal observação. Em Óbidos, se casou com LUZIA FERNANDES, natural de São Mamede, Óbidos, filha de FERNANDO EANES. Em 1542, Luzia Fernandes vendeu as propriedades herdadas do pai, consistindo de vinhedos, terras e casa, em Óbidos, e veio com o marido e a filha para São Vicente. Em 02/10/1564, obteve instrumento de nobreza. Também foi sócio do Engenho S. Jorge de Eramos, junto com seu genro, Brás Esteves. Por volta de 1591, teria se mudado para São Paulo, visto a decadência do setor açucareiro e incursões de piratas ingleses no litoral paulista, em especial, do corsário Thomas Cavendish. Luzia faleceu antes de 1592, e, depois, Pedro Leme se casou, pela terceira vez, com GRACIA RODRIGUES, filha de GASPAR RODRIGUES DE MOURA. Pedro Leme, em 27/03/1600, teve seu inventário aberto/iniciado. Não sabemos, precisamente, a data de seu falecimento, mas, sabe-se, através da transcrição de seu testamento no Projeto Compartilhar, que o mesmo estava cego, entre 1592-96, com idade relativamente avançada (mais de 70 anos), para os padrões da época. Quanto aos bens, deixados em herança, além das “roupas usadas e pouca tralha de casa”, deixou 50 cruzados referentes a venda de um escravo, de nome Diogo, e 3 $ 520 em moedas de ouro. Seus filhos:
Do 1º matrimônio, com Luzia Fernandes:
N.9: Leonor Leme, cuja descendência segue.
Do 2º matrimônio, com Gracia Rodrigues:
N.9: Antônia


N. 9 LEONOR LEME, “a velha”, filha de Pedro Leme, acima. Nasceu em Óbidos, em aproximados 1540, imigrando para o Brasil com os pais e o avô Antão Leme, aos 2 anos de idade. Em São Vicente ou São Paulo, casou-se com BRÁS ESTEVES, provavelmente paulista, filho de um Paulo Rodrigues, segundo pesquisas recentes expostas no sítio do Projeto Compartilhar. É equívoca a informação de antigas genealogias, onde Brás Esteves seria português e o casamento de ambos teria ocorrido na Ilha da Madeira. Seu inventário/testamento é datado de 31/01/1633, estando Leonor Leme ainda viva, com aproximados e impressionantes 93 anos de idade. Todo o seu patrimônio foi avaliado em 115 $ 580. Leonor Leme é a matriarca dos Lemes paulistas, onde seus filhos constituem os capítulos da Genealogia Paulistana. Seus filhos foram:

N.10: Pedro Leme, na G. Paulistana, TTº Lemes, Capº 1º
N.10: Matheus Leme, na G. Paulistana, TTº Lemes, Capº 2º
N.10: Aleixo Leme, na G. Paulistana, TTº Lemes, Capº 3º
N.10: Brás Esteves Leme, na G. Paulistana, TTº Lemes, Capº 4º.
N.10: Lucrécia Leme, na G. Paulistana, TTº Lemes, Capº 5º.


NOS CAPÍTULOS ACIMA CITADOS, CONSTA A DESCENDÊNCIA DOS LEMES, NA GENEALOGIA PAULISTANA, DE SILVA LEME. NAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS, O LEITOR PODERÁ ACESSAR O LINK PERTINENTE A CITADA OBRA.

UMA REFLEXÃO: TERIAM OS LEMES ASCENDÊNCIA JUDAIZANTE/CRISTÃ-NOVA?
Gonçalves Salvador, em seu livro “Os Cristãos-Novos” (vide referências), na página 34 da referida obra, cogita uma possível “ascendência judaizante” dos Lemes, em especial, via Leonor Rodrigues. Vejamos, por exemplo, a citação abaixo:
Muitos, pois, dos fidalgos que viveram outrora em nosso país não eram de pura linhagem cristã-velha e alguns, até, haviam-se nobilitado recentemente, a exemplo dos Leme, dos Cubas e, sobretudo, dos Correia de Sá, relacionados com as Capitanias do Sul. Martim Leme, tronco da família, vivera em Bruges, entregue ao comércio com o parceiro Pero Dinis. Suas transações efetuavam-se com negociantes hebreus, especialmente. Por volta de 1456 fixou morada em Lisboa, e teve de Leonor Rodrigues, mulher solteira e talvez judia, sete filhos, legitimados por cartas régias em 1464, onde, então, é qualificado como escudeiro do rei.” (p. 34)
Os autores modernos, jamais cogitaram a ascendência cristã-nova por parte dos Lemes, muito provavelmente, em razão da comprovação de nobreza/fidalguia de Pedro Leme e o próprio status quo desses Lemes em Portugal e Flandres. No entanto, creio ser interessante e oportuna uma reflexão, embasada em alguns pontos.
  1. Martim Leme “1º”, veio de Flandres, e, em Lisboa, antes de 1463, obteve uma carta de brasão de armas, e aparece, em Portugal, como representante de comerciantes flamengos, holandeses e zelandeses, muito em razão de poder comunicar-se em ambos os idiomas. Além disso, conforme citações no trabalho de Margarida Ortigão Paes Leme, o mesmo parece ter certo trânsito em negócios com mercadores judeus, e também aparece em empréstimos ao Reino de Portugal. Em Lisboa, ele tem filhos com uma Leonor Rodrigues, mulher solteira. É interessante notarmos que o mesmo não se casou em Portugal, e talvez tenha retornado a Bruges acompanhado de seus filhos Antônio e Martim, deixando a dita Leonor em Portugal, ainda em vida, com os filhos. Quem seria esta Leonor Rodrigues?
  2. Antônio Leme, filho do casal Martim Leme 1º e Leonor Rodrigues, em 12/11/1471, junto com centenas de outros homens, recebeu C.B.A., diferenciando-se, na heráldica, de seu pai. O documento, obviamente, foi uma forma da Coroa Portuguesa “agradecer” a seus homens os serviços em Tânger e Arzila. Em resumo: A C.B.A. de Antônio Leme não foi um “privilégio” exclusivista de elevada nobreza, mas sim uma “gratificação” em honra de sua participação na campanha militar.
Portanto, verifica-se que não há nenhuma “fidalguia genuína e antiga” nos Lemes, em especial, quanto ao Antônio Leme e seus irmãos portugueses. No próprio instrumento de nobreza de Pedro Leme, no Brasil, são citados os casamentos de suas tias Antônia e Leonor Leme, com os irmãos Aguiar, o que não deixa de ser curioso. Estes Lemes, eram comerciantes e homens de negócios de origem estrangeira, ricos, ousados, e que muito contribuíram para o Reino. Suas ascendências maternas, quando lusitanas, são obscuras/desconhecidas. Os filhos de Martim Leme 2º e Antônio Leme possuem grande mobilidade dentro do Reino, seja no continente, seja na Madeira, seja no Brasil. Nos negócios, aparecem como credores do Reino em empréstimos, monopolistas no comércio de cortiça e presentes no ramo açucareiro na Ilha da Madeira e São Vicente. Nestes locais, se relacionam, em matrimônios, com senhores e proprietários locais, integrando-se nas mais “seletas” famílias. Este modus operandi, marcado por grande dinamismo, com membros de uma família em localidades diferentes, em campos de atuação distintos, mas, com o açúcar entre eles e a prestação de serviços “de usura” ao Reino é, de fato, semelhante à atuação de judeus e cristãos-novos neste período.
Diante das razões aqui expostas, creio ser pertinente as suspeitas elencadas por Gonçalves Salvador, sobre uma possível origem judaizante dos Lemes. No entanto, são apenas SUSPEITAS. Para todos os efeitos, os Lemes são devidamente Nobilitados em Portugal, e, integrados em altos círculos sociais e da nobreza, seja nas terras lusas, seja em Flandres.


FONTES:
OBRAS MODERNAS:


Salvador, José Gonçalves. Os Cristãos-novos: povoamento e conquista do solo brasileiro, 1530-1680. São Paulo, Pioneira, Ed. Da Universidade de São Paulo, 1976. (Biblioteca pioneira de estudos brasileiros). CDD-981.021-301.45296081

Martin Lem(e), a carta do Duque, o Contrato de Trigo, Bruges e Madeira. Philippe Garnier. Revista da ASBRAP nº 12. Pág. 55 a 82. ISSN 1809-2446.

Os Lemes – um percurso familiar de Bruges a Malaca. Margarida Ortigão Ramos Paes Leme. Seminário de História Política do Mestrado em História, área de História e Arqueologia Medievais, no ano letivo de 2005-2006. SAPIENS - Revista de História, Património e Arqueologia, n.º 0, 2008. Página 27. Disponível em: http://www.revistasapiens.org/Biblioteca/numero0/ oslemes.pdf

Antão Leme e Pedro Leme rumo ao Brasil. Margarida Ortigão Ramos Paes Leme. Revista da ASBRAP nº 22. Pág. 09 a 20. Disponível em:
http://www.asbrap.org.br/areavip/arquivos/b-%20Ant%C3%A3o%20Leme%20e%20Pedro%20Leme%20rumo%20ao%20Brasil.pdf


Genealogia Paulistana - Luiz Gonzaga da Silva Leme (1852-1919) – REEDIÇÃO COORDENADA POR M. AMATO, 2012

Vol 10 – páginas 154 e 155 – Correções e acréscimos ao TTº Lemes, vol. 2º, pág. 179 (de Silva Leme), feitas por 

Douglas Fazolatto, Manoel Valente Borbas e Marta Amato.





BASE GENEALÓGICA ROGLO. Páginas Consultadas: António Leme, Martim Leme (irmão), Leonor Rodrigues, Martim 

Leme (pai), Martim Leme (avô). Autores: Manuel Abranches de Soveral e D. Bataille [em consulta a 

obras complementares]. Base Roglo: http://roglo.eu/roglo




Quadro genealógico dos “LEM B01 BRUGGE”, de Ruud Lem. Elaboração: Novembro de 2012.





Geschiedenis van de Brugse Lem/Lems (1337-1900). André L. Fr. Claeys. De Luso-Vlaamse afstammelingen Leme van 

ridder Lem Maerten I (1385-1471). Wereldwijd verspreid sinds 1470. Brugge, 2012. Disponível em:

http://www.bparah.azores.gov.pt/genealogias/genealogias+a.clayes/pdfs/andre_claeys-

geschiedenis_van_de_brugse_Lem_(1337-1900)-%5Bnieuw2012%5D.pdf

OBS: utilizei o Google Tradutor, para a transcrição dos textos em flamengo para o inglês.


A Conquista de Arzila pelos portugueses – 1471. Paulo Alexandre Mesquita Dias. Dissertação de Mestrado em História. Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FACSH). Universidade Nova de Lisboa – Outubro 2015.

PROJETO COMPARTILHAR. Disponível em: http://www.projetocompartilhar.org/
Consulta realizada em 23/08/2017. TRABALHOS CONSULTADOS:
Pedro Leme: Inventário e Testamento
Inventário e Testamento de Leonor Leme, a Velha
Justificação de Pedro Dias Paes Leme


OBRAS ANTIGAS:

Nobiliário da Ilha da Madeira, de Henrique Henriques de Noronha in SITE do Capitão Domingos da Silva e Oliveira. Disponível em: http://capitaodomingos.com/o-o-leme-na-nobiliarquia-nobiliario-genealogia-da-ilha-da-madeira-nao-tem-antao-leme/

Nobiliarquia Paulistana Histórica e Genealógica. Pedro Taques de Almeida Paes Leme. Tomo III. Título LEMES. Editora: USP. Ano: 1980. OBS: A obra original, é do Século XVIII.

GAIO, Felgueiras, 1750-1831
Nobiliário de famílias de Portugal / Felgueiras Gaio. - [Braga] : Agostinho de Azevedo Meirelles : Domingos de Araújo Affonso, 1938-1941 (Braga : : Pax). - 17 v. : il. ; 30 cm; Digitalizado e disponível em: http://purl.pt/12151

Genealogia Paulistana - Luiz Gonzaga da Silva Leme (1852-1919). Vol II - Pág. 179 a 229 - Tit. Lemes (Parte 1) – Versão 

antiga/original – Digitada e disponível em: http://www.arvore.net.br/Paulistana/Lemes_1.htm



domingo, 2 de abril de 2017

Família Lopes da Silva, de Rosário: Origens em Minas Gerais

OBSERVAÇÃO: Esta postagem está correlacionada á postagem de 05/11/2016, cujo título é “Família Lopes da Silva, de Rosário – Descendência em Juiz de Fora e Região”.

NOVIDADES: Recentemente, tive a satisfação de ver uma atualização (22/03/2017) da família de Francisco da Cruz Silva, NO PROJETO COMPARTILHAR, feita por Bartyra Sette e pelo amigo e primo Adílson Rodrigues, que nos permitiu conhecer as origens da Família Lopes da Silva, do Rosário. Além destas informações, o jornal Abelha do Itaculumy, nº 113, de uma quarta-feira, de 29 de setembro de 1824, disponibilizado recentemente na internet no acervo da Biblioteca Nacional, nos permitiu conhecer, com alguns detalhes, as circunstâncias do crime que culminou no assassinato do Manoel Lopes da Silva “2º”. Segue abaixo, breve síntese dos primórdios da família. A ascendência completa de Manoel Lopes da Silva e Ana Maria dos Santos, encontra-se na dita publicação do Projeto Compartilhar – “Francisco da Cruz Silva” (ver referência e link abaixo).

1) Manoel Lopes da Silva [filho do português Manoel Lopes Guimarães e Ana da Graça] e Anna Maria dos Santos [filha do lisboeta Luís dos Santos e Apolônia de Freitas, esta filha de Salvador Gil Cortês e Maria Pereira], viviam em Rosário, Barbacena, em fins do século XVIII. Ambos, são citados na descendência de Francisco da Cruz Silva (ver “1-4”), no site do Projeto Compartilhar. O casal teve, pelo menos, os seguintes filhos:
1.1) Manoel Lopes da Silva, batizado em 10/01/1778 na Capela da Cachoeira, Borda do Campo [É o Manoel, nº “1-4-5” da descrição familiar de Francisco da Cruz Silva, no Projeto Compartilhar], filho de Manoel Lopes da Silva e Anna Maria dos Santos, casado, em 22/08/1810, na Capela do Rosário, com Cândida Rosa do Espírito Santo, natural da Candelária – RJ, filha de Manoel Coelho Bastos e Anna Maria da Conceição. Manoel foi assassinado, por volta de 1824, por Cypriano Braga, com participação de sua esposa no crime, ao que consta. No jornal “Abelha do Itaculumy”, de 29/09/1824, há as sentenças (pág. 02, 2ª coluna):

“(...) Cipriano Joaquim da Costa Braga, natural de S. João d’El Rey, pela morte de Manoel Lopes da Silva morador na Applicação da Senhora das Dores do Quilombo Termo de Barbacena, morte natural para sempre. Cabeça e mãos decepadas e postas no lugar do delicto em poste alto até que o tempo as consuma.
Cândida Roza do Espírito Santo natural de Barbacena, pela morte do sobredito Manoel Lopes seu marido: Baraço e pregão, 3 voltas a roda da forca, assistir a execução do réo Cipriano, e depois Degredo por toda a vida, para o Cuieté”.

Antes do trágico evento, Manoel e Cândida tiveram, pelo menos:
1.1.1) Manoel Lopes da Silva, batizado no Rosário em 24/07/1815. No censo de 1831, aparece, com 16 anos de idade, vivendo com os jovens Antônio (8 anos) e Joana (4 anos), escravos. Certamente, a solidão familiar na juventude se deveu ao assassinato precoce do pai e exílio da mãe. Em 17/04/1856, aparece como proprietário de terras no Registro Paroquial de Terras de São José do Rio Preto (1856-1857), como proprietário da fazenda Barra, com 75 alqueires. Faleceu em 18/08/1886, mas só foi inventariado em 1891. Com Anna Severina da Assumpção, possivelmente casado em 16 de Agosto [?] de 1837*, teve os seguintes filhos, conforme seu inventário:
1.1.1.1) Zeferino Lopes da Silva, nascido em 26/08/1838*. Sua descendência consta na POSTAGEM DE 05/11/2016, NESTE BLOG.
1.1.1.2) Tomás Lopes da Silva, nascido em 07/03/1844*; Foi o inventariante quanto á herança do pai.
1.1.1.3) Faustino Lopes da Silva, nascido em 17/02/1846*;
1.1.1.4) Luísa Mª da Assumpção. Casada com Vicente José Corrêa.
1.1.1.5) Maria Domiciana de Jesus, nascida em 03/02/1850*; Casada com Joaquim José Pires. Destes, descendem os LOPES PIRES, de Bias Fortes.
1.1.1.6) Laura [?] Amélia da Silva;
1.1.1.7) Rita Porcina de Jesus, nascida em 13/06/1855*;
1.1.2) José, batizado em 06/01/1817, no Quilombo. Os padrinhos foram José de Mendonça e sua mulher Magdalena.
1.1.3) Bibiana, batizada em 13/12/1818, no Quilombo. Os padrinhos foram o capitão José Ribeiro de Almeida e sua mulher Francisca Maria de São José.

* As datas de casamento e nascimento (ou batismo) citadas, encontrei no Caderno de Rezas e Orações de Manoel Lopes da Silva, cuja cópia tenho em posse.

ANEXO: HIPÓTESE DE ASCENDÊNCIA DE APOLÔNIA DE FREITAS, MÃE DE ANA Mª DOS SANTOS

Apolônia de Freitas, mãe de Ana Maria dos Santos e avó do Manoel Lopes da Silva “2º”, de acordo com o Projeto Compartilhar (“Francisco da Cruz Silva”) era filha de Salvador Gil Cortês e Maria Pereira.
Este mesmo Salvador Gil Cortês e Maria Pereira, também aparecem no “Aportes á Genealogia Paulistana no Sul de Minas” (Projeto Compartilhar), em especial, nas referências ao casamento de Francisco Pedroso de Toledo com Rosa Maria de Freitas, filha de Salvador e Maria Pereira. Nesta citação, consta que a noiva era natural de Taubaté. Certamente, os pais também o eram, mudando para Prados (MG), posteriormente.
Na Genealogia Paulistana, de Silva Leme, no Título “DIAS”, Capº 5, § 4, nº 2-2 e 3-1, há um Salvador, com 12 anos de idade, dentre os filhos de Salvador Gil da Siqueira, falecido e inventariado em 1691, cuja viúva ficou Marinha de Chaves, todos de Taubaté. Este Salvador Gil da Siqueira, era filho do Capitão Amaro Gil Cortês e Mariana de Freitas, ambos de Taubaté. Estes, tiveram um neto, Miguel Rodrigues da Siqueira, de Taubaté, que imigrou para o Rio das Mortes (MG), inventariado em 1740. Este Miguel, era primo do jovem Salvador, de 12 anos.
Dada à cronologia compatível, a procedência de Taubaté do Salvador Gil Cortês, pai de Apolônia de Freitas e a presença dos sobrenomes Gil Cortês e Freitas tanto neste núcleo de Prados quanto na família de Taubaté, descrita no TTº Dias da Genealogia Paulistana, me traz a convicção de que o Salvador de 12 anos, herdeiro em Taubaté, em 1691, é também o Salvador Gil Cortês que aparece em Prados, avô da Ana Maria dos Santos. Este Salvador pode, perfeitamente, ter acompanhado o primo no povoamento da região do Rio das Mortes. Não encontrei nenhum outro “Salvador”, ligado a este herdeiro de 1691, vivendo em Taubaté, São Paulo ou outra região.
Pretendo realizar pesquisas nos livros casamento / batismo de Prados, para fins de verificação, mas creio na compatibilidade da hipótese aqui formulada, visto os elementos encontrados.

FONTES:

Projeto Compartilhar – Francisco da Cruz Silva (atualizado em 22/03/2017); Disponível em:
http://www.projetocompartilhar.org/Familia/FranciscodaCruzSilva.htm

Projeto Compartilhar – Aportes á G. Paulistana no Sul de Minas (Atual. Em 25/03/2017); Francisco de Freitas Toledo – Francisco Pedroso de Toledo. Disponível em:
http://www.projetocompartilhar.org/Familia/AportesaGPnoSuldeMinas.htm

Genealogia Paulistana. Luiz Gonzaga da Silva Leme (1852 – 1919). Vol. VIII – pág. 53 a 102.
Título Dias (Parte 2). Digitado e disponibilizado no link:
http://www.arvore.net.br/Paulistana/Dias_2.htm

Jornal Abelha do Itaculumy. Nº 113, de uma quarta-feira, de 29 de setembro de 1824.
Publicação online da Biblioteca Nacional.

Batismos de José e Bibiana (informações do primo e amigo Adair Franco):

Barbacena – Nº Srª da Piedade; Batismos 1811, Jan – 1830, Ago. Página 135 de 243:
Batismo de José.

Barbacena – Nº Srª da Piedade; Batismos, 1811, Jan – 1830, Ago. Página 130 de 243:
Batismo de Manoel [Lopes da Silva].


Censo – 1831 – Rosário – Barbacena – Comarca do Rio das Mortes
Disponibilizado pelo CEDEPLAR (UFMG)

Inventário de Manoel Lopes da Silva (16/04/1891)
Fundo Benjamin Colucci.
Arquivo Histórico da Universidade Federal de Juiz de Fora.