sábado, 30 de janeiro de 2016

OS LEMES E A LIGAÇÃO AOS BARROS E CÂMARAS NA ILHA DA MADEIRA

A família Leme, de São Paulo, originária a partir de Pedro Leme (nascido no Funchal, Madeira), deixou um legado significativo para o Brasil colônia. Seus descendentes ajudaram a construir não apenas a capitânia de São Vicente, mas todo o estado de São Paulo, e as regiões Sudeste e Sul. Seus descendentes constituem-se em grande parte de brasileiros, de todas as origens. Falar dos Lemes é falar do Brasil. Ao longo da história, foram bandeirantes, donos de engenho, juízes, capitães, fazendeiros e autoridades políticas. Hoje, estão presentes em todos os segmentos da sociedade brasileira.

Em face de sua grandeza, seja em número, seja em história, esta família é muito estudada por genealogistas e historiadores. Mas existem três pontos “nebulosos” sobre as origens de Antão Leme (pai) e Pedro Leme (filho), os patriarcas dos Lemes brasileiros:

1º ponto) A ascendência, por varonia, de Antão Leme até os Leems, de Bruges (Flandres) ainda é polêmica. Existem fontes bibliográficas conflitantes sobre as filiações em Portugal e Ilha da Madeira. É fato a origem flamenga, mas não há consenso quanto á “forma”. Nas ponderações apresentadas abaixo, serão realizadas citações de um trabalho acadêmico, que, a meu ver, resolveu tal questão.

2º ponto) Alguns genealogistas, discutem se Antão Leme era filho de Catarina de Barros, em razão de uma suposta cronologia conflitante. Além disso, o Nobiliário da Ilha da Madeira, de Henrique Henriques de Noronha, escrito em 1700, não apresenta Antão Leme descrito no título dos Lemes. Ambas as ressalvas, constam no site “Capitão Domingos da Silva e Oliveira”, indicado nas referências.

Como “contra-argumento” ás indagações acima apresentadas, há apenas a petição de Pedro Leme, em 02 de Outubro de 1564, perante o desembargador Braz Fragoso. No documento apresentado por Taques, e, posteriormente, Silva Leme, consta:

'Diz Pedro Leme, que ele quer justificar que é filho legítimo de Antão Leme, natural da cidade do Funchal da Ilha da Madeira, o qual Antão Leme é irmão direito de Aleixo Leme e de Pedro Leme, os quais todos são fidalgos nos livros de El-rei, e por tais são tidos e havidos e conhecidos de todas as pessoas que razão têm de o saber; e outrossim são irmãos de Antonia Leme, mulher de Pedro Affonso de Aguiar, e de Leonor Leme, mulher de André de Aguiar, os quais outrossim são fidalgos, primos do capitão donatário da Ilha da Madeira; os quais Lemes outrossim são parentes em grau mui propínquo de Dom Diniz de Almeida, contador-mor, e de D. Diogo de Almeida, armador-mor, e de Diogo de Cablera, f.° de Henrique de Sousa, e de Tristão Gomes da Mina, e de Nuno Fernandes, veador do mestrado de Santiago, e dos filhos de Claveiro por ser a mãe deles outrossim sobrinha dos ditos Lemes, tios e pai dele suplicante, os quais são tidos e havidos e conhecidos em o reino de Portugal por fidalgos; pede a Vmce. lhe pergunte suas testemunhas, e por sua sentença julgue ao suplicante por fidalgo, e lhe mande guardar todas as honras, privilégios e liberdade que às pessoas de tal qualidade são concedidas. E. R. M.'

Primeiramente, devemos questionar: o que é “irmão direito”? De acordo com a enciclopédia Larousse Cultural, dentre as definições de “direito” (adjetivo), especialmente, em heráldica, significa “das armas do chefe de geração ou linhagem, sem quebra nem diferença; diz-se também do brasão apresentado em sua posição normal. Portanto, creio que podemos entender que Antão Leme foi apresentado como irmão “direto” dos demais.

Como reflexão, é importante revisarmos e enfatizarmos o parentesco com os irmãos Almeida, exposto por Taques. D. Diogo de Almeida, e D. Diniz de Almeida (contador-mor do reino), eram filhos do casal Antônio de Almeida (contador-mor do reino) e Maria Paes, sendo esta filha de João Rodrigues Paes (também contador-mor do reino) e Catharina Leme. Esta última era irmã de Antônio Leme, bisavô de Antão Leme, conforme exposição de Pedro Taques.

Além da citação de parentesco com os Almeidas, Pedro Leme, em sua justificação, apresentou como tias Antônia Leme e Leonor Leme, casadas respectivamente com Pedro Affonso de Aguiar e André de Aguiar, primos dos donatários da Ilha da Madeira. No Nobiliário das Famílias de Portugal (Felgueiras Gayo), no título dos Aguiares (arquivo 40102 – página 197), consta o casamento de André de Aguiar com Leonor Leme, sendo esta descrita como filha de Antônio Leme, neta de Martim Leme e bisneta de Antônio Leme, o flamengo. A descrição é compatível com a apresentada por Montarroyo in Pedro Taques. Quanto a André de Aguiar, o mesmo era, de fato, ligado aos Câmaras; sua avó era Isabel Gonçalves da Câmara, filha de João Gonçalves Zarco.

É interessante notar que Pedro Leme comprovou sua nobreza não apenas pela ligação com os Lemes, e não descreveu com detalhes sua genealogia; sua comprovação foi totalmente embasada em parentescos relativamente recentes e colaterais, em especial, com os Almeidas, Aguiares e Câmaras.

De acordo com Montarroyo in Taques, Martim Leme é o formador do tronco dos Lemes na Ilha da Madeira, citando, inclusive, o ano de 1483 como data de sua mudança para a ilha. Portanto, Antão Leme seria seu neto, e, Pedro Leme, seu bisneto.
Silva Leme, no título de Lemes, cita:

F-1 Pedro Leme, que passou da dita ilha a S. Vicente com sua f.ª Leonor já casada com Braz Teves, como escrevemos adiante. Pedro Taques menciona a este Pedro Leme como o 1.º chegado a S. Vicente, porém frei Gaspar da Madre de Deus assevera ter visto o livro mais antigo de termos de vereança de S. Vicente (não consultado por Pedro Taques) onde consta que Antão Leme foi juiz ordinário na dita vila em 1544; portanto, este (e não seu f ° Pedro Leme) deve ser considerado como o tronco dos Lemes em S. Paulo.

Se há testemunhos de Antão Leme ser juiz em São Vicente em 1544 (conforme informação acima), sendo que Pedro Leme, seu filho, já estava em 1550 em São Vicente com sua mulher, Luzia Fernandes, e filha, Leonor Leme (neta de Antão), já casada com Braz Esteves, e justificou sua fidalguia em 02 de outubro de 1564, é possível supormos:
- Leonor Leme, talvez, seria nascida por volta de 1530, ou pouco depois.
- Pedro Leme seria nascido por volta de 1505-1510, ou depois [faleceu em Março de 1600]
- Antão Leme poderia ter nascido, por volta de 1485.

Se Antão Leme é realmente neto de Martim Leme, que imigrou para a Madeira em 1483, de fato, a cronologia só é pertinente se Martim Leme levou para a ilha seu filho Antônio, já com idade para casamento. Se Antônio nasceu na Ilha da Madeira, há equívocos na apresentação da linhagem.

No entanto, no magnífico trabalho de Margarida Ortigão Ramos Paes Leme [ver referência e link abaixo], foi realizada a reconstituição da genealogia e cronologia dos Lemes. De acordo com suas ponderações, a linhagem correta dos mesmos seria:

1- Martim Leems, cavaleiro flamengo, mudou-se para Lisboa, em 1452. Casou-se com Leonor Rodrigues. Tiveram 6 filhos:

2 – Luís Leme;

2- Martim Leme, “o moço”. Negociante, com registros na Ilha da Madeira; talvez, participou da conquista de Tanger, em 1471. Falecido antes de 13/08/1485.

2- Antônio Leme, o flamengo. Assim como o irmão, participou da conquista de Tanger, em 1471. Obteve carta de fidalguia em 12/11/1471. Em 1483, foi para a Ilha da Madeira. Casou-se com Catharina de Barros, e, mais tarde, foi colaborador de Cristóvão Colombo. Seus filhos seriam:
3 – Antão Leme - imigrou para São Vicente com a família; Falecido: 1560.
3 – Pedro Leme - sem maiores informações.
3 – Martim Leme  - sem maiores informações.
3 – Aleixo Leme, casou com Mécia de Melo.
3 – Ruy Leme; casou com Leonor Vieira (1º) e Maria Franco Cabreira (2º).
3 – Antônia Leme, casou com Pedro Afonso de Aguiar.
3 – Leonor Leme, casou com André de Aguiar da Câmara.

2 – João Leme. Foi para a Ilha da Madeira, sendo enterrado na Igreja do Convento de São Francisco.

2 – Rui Leme, testemunha, em 1494, do Tratado de Tordesilhas. Cavaleiro de D. Manoel em 19/09/1497. Rendeiro da Alfândega de Funchal em 1506.

2 – Catarina Leme. Casou com Fernão Gomes da Mina (1º) e João Rodrigues Paes (2º), contador-mór do Reino. Deste casamento, foram descendentes os irmãos Almeidas, citados na justificação de Pedro Leme.

2 – Isabel Leme;

2 – Maria Leme, casou com Martim Dinis – mãe de Henrique Leme, mencionado e estudado pelo trabalho de Margarida Paes Leme.

Diante da revisão apresentada, creio na compatibilidade e possibilidade de Catharina de Barros ser a mãe de Antão Leme, sendo este irmão direto dos demais, conforme carta de justificação de Pedro Leme e revisões genealógicas dos Lemes, conforme artigo de Margarida Paes Leme. Além disso, a ausência de seu nome no Nobiliário da Ilha da Madeira, por si só, não representa a impossibilidade de filiação materna de Antão Leme. Esta é a opinião do autor deste blog, embasada na bibliografia citada e referenciada.

3º ponto) Pedro Taques (Nobiliarchia Paulistana – Século XVIII) e Silva Leme (Genealogia Paulistana), afirmam que Antão Leme era filho de Antônio Leme e Catharina de Barros, sendo esta filha de Pedro Gonçalves da Câmara e Izabel de Barros.

Esta suposta ligação com Pedro Gonçalves da Câmara exerce impactos significativos na ascendência dos Leme. De acordo com a descrição de Silva Leme:

D-1 Antonio Leme, f.º de C-1, viveu na Ilha da Madeira muito abastado na sua quinta, que depois se chamou dos Lemes, na freguesia de Santo Antonio do Campo junto à cidade do Funchal. Casou com Catharina de Barros, a qual instituiu o morgado na vila da Ponta do Sol na dita ilha, f.ª de Pedro Gonçalves da Camara e de Izabel de Barros, n. p. de Pedro Gonçalves da Camara e de Joanna d'Eça, esta f.ª de João Fogaça e da camareira-mor da rainha d. Catharina mulher de d. João III; bisneta do 2.º capitão do Funchal João Gonçalves da Camara, fidalgo da casa real, que foi tido em alta estima pelo rei por grandes serviços que lhe prestara na tomada de Cepta e de Arzilla, e de Maria de Noronha (com quem se casou em Cepta) f.ª de dom João Henriques, por este neta de dom Diogo Henriques, conde de Gijon, que foi f.º natural de dom Henrique, rei de Castela; terneta do 1.º capitão do Funchal João Gonçalves Zargo e de Constança Rodrigues de Almeida (f.ª de Rodrigo Annes de Sá), os quais com seus f.ºs ainda menores em 1420 foram povoar a Ilha da Madeira, da qual foi o descobridor e capitão o dito Zargo, com propriedade na metade dela por concessão de el-rei.

Pois bem. Conforme observado, a genealogia apresentada por Silva Leme insere o Rei Enrique II, de Castela, nas origens dos Lemes paulistas, assim como toda a dinastia Afonsina (POR), Capet (FRA), Anjou e Normanda (ING), assim como diversos monarcas de Aragão, Hungria, Kiev, reis nórdicos e Sacro-Imperadores romano-germânicos. Em resumo: praticamente todas as casas reais europeias foram inseridas na genealogia dos Lemes paulistas. Além dos reis, a família Câmara é de notáveis feitos em Portugal, inclusive, quanto ao descobrimento e povoamento inicial da Ilha da Madeira, sendo estes também os capitães e donatários da mesma. No entanto, devemos fazer as seguintes indagações: esta genealogia está correta? Qual foi a fonte bibliográfica de Silva Leme? Existem elementos comprobatórios desta ligação?

Silva Leme, certamente, embasou a genealogia inicial dos Lemes nos trabalhos de Pedro Taques, e, este último, utilizou Montarroyo como sua referência. Taques, se limitou a apontar Pedro Gonçalves da Câmara e Isabel de Barros como pais de Catharina de Barros; Silva Leme apresentou á Pedro Gonçalves da Câmara pai homônimo e Joana D’Eça como mãe, ligando o mesmo aos nobres ramos, conforme citado acima.

Haveria alguma outra fonte bibliográfica que dê suporte á ligação familiar construída por Silva Leme? Como os nobiliários tratam da genealogia dos Câmaras?

Felgueiras Gayo, em seu Nobiliário das Famílias de Portugal, expõe dois casamentos de Pedro Gonçalves da Câmara: a primeira vez, Joana D’Eça, e a segunda vez com Catarina de Ornellas de Saavedra. Mas não há filho homônimo.

O padre Antônio Cordeiro, no livro “História Insulana das Ilhas” (ver referência), na página 227, ao descrever a genealogia da esposa de João de Bettencourt, o degolado, escreve:

 (...) e o quarto neto era o primeiro Vital de Betencor, cujo degolado pai João de Betencor era filho de Francisco de Betencor, primeiro do nome, e de sua mulher D. Maria da Camera, filha do segundo Pedralves da Camera, e neta do primeiro Pedralves da Camera, que da Madeira veio para a Terceira, e bisneta legítima do segundo capitão de Funchal João Gonçalves da Camera (...)

Apesar do segundo “Pedralves da Camera” já ser natural da Ilha Terceira, em razão da migração de seu pai, oriundo da Madeira, o Padre Antônio Cordeiro atribuiu filho homônimo a um dos filhos do capitão João Gonçalves da Câmera. O termo “Pedralves” pode ser Pedro Gonçalves ou Pedro Álvares; não sabemos. Existem indícios que este Pedro Álvares da Câmara originou os Câmaras da Ilha Terceira.

Estes dois breves exemplos (Felgueiras Gayo e Pe Antônio Cordeiro) apenas demonstram o quão confusa e polêmica são as genealogias dos primórdios das ilhas.

O próprio Felgueiras Gayo, em seus volumes finais (40117 – página 496), nos traz uma informação interessante. Nesta seção de sua obra, são apresentadas árvores de costados, sendo exposta, na referida página, a genealogia de Roque Macedo Leme. Este foi cônego na Sé do Rio de Janeiro, com estudos em Coimbra. Foi genealogista e parente de Taques.





Se observarmos, em sua árvore de costados, o pai, avô, bisavô e trisavô [este filho de Pedro Leme e Isabel Paes], todos possuem o sobrenome “Leme da Câmera”. Qual é a razão desta denominação? Qual foi a fonte de Felgueiras Gayo? Seria o sobrenome “Câmera” uma adição em referência ao parentesco por afinidade com os Câmaras, conforme petição de Pedro Leme? Ou, de fato, são os Lemes descendentes dos Câmaras? Teria Felgueiras Gayo consultado a obra do próprio Roque Macedo Leme, publicada em 1792 em Lisboa? Provavelmente sim.

OUTRA VERSÃO: PEDRO GONÇALVES DA CLARA

O genealogista Luís Porto Moretzsohnm de Castro, em publicação na Revista do Instituto de Estudos Genealógicos, baseando-se no Nobiliário da Ilha da Madeira, de Henrique Henriques de Noronha, afirma que Catarina de Barros, a esposa de Antônio Leme, era filha de Pedro Gonçalves da Clara e Isabel de Barros, enfatizando que, no título de Câmaras da referida obra, não há menção a este casal.

Carlos de Agrela, em seu trabalho “Famílias da Madeira e Porto Santo”, no § 8º, na descrição da prole de Pedro Gonçalves da Câmara e Joana de Eça, não menciona nenhum filho homônimo, nem um segundo casamento ou descendente que imigrou para a Ilha Terceira.

Felgueiras Gayo, no título de Câmaras, aponta dois casamentos de Pedro Gonçalves da Câmara, mas nenhum filho homônimo.

Em registros informais, sobre acontecimentos anuais na Ilha da Madeira, consta que, em 1508, houve a venda da Capela do Santíssimo Sacramento a Pedro Gonçalves da Clara e sua mulher Isabel de Barros.

Margarida Paes Leme, em seu artigo sobre os Lemes, afirma que Catarina de Barros era filha de Pedro Gonçalves da Clara e sua mulher Clara Esteves; no entanto, segundo diversos fóruns, inclusive no sítio Geneall, afirma-se que Clara Esteves fora sua primeira esposa, e, seu nome, na verdade, era apenas Pedro Gonçalves.

PONDERAÇÕES FINAIS

Diante da não-menção por genealogistas da Ilha da Madeira do filho homônimo “Pedro Gonçalves da Câmara”, ligado a família Câmara, casado com Isabel de Barros, e a evidência da existência do casal Pedro Gonçalves da Clara e Isabel de Barros em 1508, creio que é prudente e zeloso entendermos que Catarina de Barros, a esposa de Antônio Leme, era filha de Pedro Gonçalves da Clara e Isabel de Barros. Quanto ás origens de Pedro Gonçalves da Clara, não a conhecemos. Provavelmente, era um homem de posses e prestígio junto á comunidade, visto que ele e sua segunda esposa adquiriram uma Capela e instituíram um morgado na Ribeira dos Melões.
A ligação familiar direta dos Lemes com os Câmaras, no meu entender, carece de fontes concretas, onde não é possível contestar as genealogias tradicionais dos Câmaras na Ilha da Madeira. José Freire de Montarroyo Mascarenhas, fonte primária de Taques, expediu seus trabalhos no século XVIII, ou seja, período muito posterior ao possível “enlace” entre os Lemes e os Câmaras. Além disso, Pedro Leme, em sua petição, mencionou o casamento de suas irmãs com os Aguiares; se o mesmo fosse, de fato, descendente dos Câmaras, poderia ter citado o seu suposto bisavô Pedro Gonçalves da Câmara.
Uma informação, a ser discutida, é o fato de João Gonçalves da Câmara, pai de Pedro Gonçalves da Câmara, ser o fundador do Convento de Santa Clara (informação do trabalho de Agrela). Talvez, poderia, a partir deste ponto, existir alguma ligação familiar interessante. Mas, isto é apenas uma suposição, sem nenhum embasamento concreto.

Gostaria, por meio deste texto, de incentivar discussões e investigações sobre as origens de uma família tão ilustre e grandiosa na história de São Paulo e do Brasil. É uma honra ser descendente dos Lemes, homens, que, da belíssima Bruges, se expandiram para Portugal, para as ilhas e para o Brasil.

OBSERVAÇÃO: Quero aqui esclarecer, primeiramente, que meu intuito aqui é apresentar, resumidamente, as opiniões sobre as principais dúvidas que pairam sobre a Genealogia dos Lemes, e promover o debate sobre esta ascendência. Não tenho a pretensão de colocar um “ponto final” na questão, até por que, muitos genealogistas, com muito mais conhecimento e experiência que o autor deste blog, já discutiram este assunto. Além disso, minhas fontes de informações (apresentadas abaixo) são extraídas da internet, e não de compêndios genealógicos iniciais.


FONTES BIBLIOGRÁFICAS:

Biografia do cônego Roque Luiz de Macedo Paes Leme da Câmara. Colégio Brasileiro de Genealogia. Disponível em:
http://www.cbg.org.br/novo/colegio/historia/patronos/conego-roque-luiz-de-macedo-paes-leme-da-camara/

Capitão Domingos da Silva e Oliveira [Exposição do Nobiliário da Ilha da Madeira]
http://capitaodomingos.com/o-o-leme-na-nobiliarquia-nobiliario-genealogia-da-ilha-da-madeira-nao-tem-antao-leme/

Famílias da Madeira e Porto Santo. Câmaras de Lobos. AUTOR: Compilação de Carlos Agrela. Disponível em:
http://www.concelhodecamaradelobos.com/Documentos/familias_porto_santo_madeira_camara_lobos.pdf


GAIO, Felgueiras, 1750-1831
Nobiliário de famílias de Portugal / Felgueiras Gaio. - [Braga] : Agostinho de Azevedo Meirelles : Domingos de Araújo Affonso, 1938-1941 (Braga : : Pax). - 17 v. : il. ; 30 cm; Digitalizado e disponível em: http://purl.pt/12151

Genealogia Paulistana - Luiz Gonzaga da Silva Leme (1852-1919)
Vol II - Pág. 179 a 229 - Tit. Lemes (Parte 1)
http://www.arvore.net.br/Paulistana/Lemes_1.htm

Grande Enciclopédia Larousse Cultural. Volume 8 [CUX-DUR] – página 1925, 3ª coluna.
Impressão: Atlântida – Cochrane S.A. Argentina; Nova Cultural Ltda 1998. ISBN 85-13-00762-5.

História Insulana das Ilhas a Portugal sugeitas no Occeano Ocidental. Padre Antônio Cordeiro. Companhia de Jesus. Obra Original: Lisboa, 1717. Texto Digitado; Disponível em:
https://archive.org/stream/historiainsulan01cordgoog/historiainsulan01cordgoog_djvu.txt

Nobiliarquia Paulistana Histórica e Genealógica. Pedro Taques de Almeida Paes Leme. Tomo III. Título LEMES. Editora: USP. Ano: 1980. OBS: A obra original, é do Século XVIII.

Os Lemes – um percurso familiar de Bruges a Malaca. Margarida Ortigão Ramos Paes Leme. Seminário de História Política do Mestrado em História, área de História e Arqueologia Medievais, no ano letivo de 2005-2006. SAPIENS - Revista de História, Património e Arqueologia, n.º 0, 2008. Página 27. Disponível em: http://www.revistasapiens.org/Biblioteca/numero0/ oslemes.pdf

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Origem e descendência completa da família Pereira Lisboa [Quilombo/Bias Fortes]

Na data de 21/11/2015, foi feita postagem referente à família Pereira Lisboa, do antigo Quilombo [Bias Fortes]; No entanto, as origens de Manoel Luís Pereira Lisboa, ainda eram desconhecidas.
Recentemente, em pesquisas realizadas nos livros de batismos e casamentos da Paróquia de Nossa Srª da Piedade de Barbacena, no sítio do Family Search, foi possível descobrir as origens de Manoel. Nesta postagem, vou realizar a exposição da origem de Manoel Luís Pereira Lisboa e repetir sua descendência, conforme demonstrado na postagem anterior. O objetivo é expor em um texto único toda a história da família.

ORIGENS:
- Em 25/06/1781, na Borda do Campo, foi realizado o matrimônio de Miguel Pereira Lisboa, natural de Barbacena, [ cujo pai era Manoel Lopes Guimarães, natural de Santa Eulália dos Fermentões, Braga, Portugal, filho de Jacinto Lopes e Ana Francisca e a mãe era Ana da Graça, filha de Francisco da Cruz Silva, natural de Nº Srª dos Anjos, Lisboa e Maria de Mendonça, natural da Candelária-RJ ], COM Anna Francisca de Jesus, batizada em Barbacena, em 25/06/1760, filha de Cosme da Costa, natural de Nº Srª da Ajuda, Ilha de São Miguel, Açores e sua mulher Maria Francisca, batizada em 26/05/1737, em Barbacena, filha dos portugueses Manoel de Oliveira Rego e Rosa Maria de Jesus. OBS: o casamento de Miguel Pereira e Anna Francisca, encontrei no sítio Family Search, com a filiação de ambos. As demais Informações, com maiores detalhes, encontram-se no sítio do PROJETO COMPARTILHAR (ver referências abaixo).

Dentre os filhos do casal, no Censo de 1831, referente ao “Quilombo”, hoje Bias Fortes (MG), foram encontrados:
- Manoel Luís Pereira [Lisboa], com 38 anos, casado com Gertrudes, 33 anos, residentes no quarteirão 3, fogo 15, com os filhos Francisco, João, Gertrudes, Daví e Francisca, todos menores. Encontrei seu batismo, realizado pelo padre Francisco Pereira da Cunha, na capela do Rosário do Curral, em 05/09/1793, em Dores do Quilombo, filho de Miguel Pereira Lisboa e Anna Francisca de Jesus. O padrinho foi Antônio Roiz do Vale, todos da citada freguesia. ESTA FAMÍLIA É O FOCO PRINCIPAL DE MINHA PUBLICAÇÃO.

- IRMÃO: Joaquim Pereira Lisboa, com 42 anos, casado com Agostinha, 28 anos, residentes no quarteirão 4, fogo 12, com os filhos Manoel, Maria, Miguel e Antônio, todos menores. Joaquim e Agostinha se casaram em 13/09/1819, no Quilombo; Agostinha era filha de Manoel Gonçalves Loures e Quitéria Maria [a informação do casamento foi gentilmente transmitida pelo genealogista Adonias Franco].

- Francisco Lopes Lisboa, com 50 anos, casado com Clélia Maria, residentes no quarteirão 3, fogo 13, na companhia de Gertrudes, com 13 anos, parda, José, de um ano, branco e 5 escravos (Vicência, Joana, Pedro, Manoel e Joaquim). Estes eram vizinhos da viúva Anna Francisca, com 60 anos, mãe dos irmãos Manoel e Joaquim Luís Pereira. Não sei qual é a ligação de Francisco com os irmãos Pereiras Lisboas, descritos acima. Talvez, era tio de ambos.

O Manoel Luís Pereira Lisboa, com 38 anos em 1831, foi inventariado pela esposa em 1867, em Barbacena (Quilombo). Sua esposa, Gertrudes Polycarpa de Souza, foi inventariada em 1883, em Juiz de Fora. No inventário da mesma, ela declara ser natural de Santa Rita do Ibitipoca, filha de Manoel de Souza Passos e Custódia Maria do Rosário; neta paterna de Manoel de Souza Passos e Apolônia Ângela de Abernás; neta materna de Manoel Lourenço de Barros e Maria do Rosário (Famílias descritas no sítio do PROJETO COMPARTILHAR, conforme referência abaixo). No respectivo inventário, são declarados os filhos do casal:

1º) Francisco de Paula Lisboa, casado com D. Floriana;
No inventário de D. Floriana, de 1892, consta os seguintes filhos do casal:
1.1) D. Francisca Maria do Nascimento, casada com Francisco Dias de Novaes Júnior.
1.2) D. Gertrudes Maria do Nascimento, casada com Raymundo de Gouvêa [???].
1.3) D. Maria Floriana do Nascimento, casada com João Ferreira [???].
1.4) José Esteves Pereira Lisboa, casado com D. Francisca. Eram moradores em Palmyra (atual Santos Dumont – MG).
1.5) D. Rita Mariana do Nascimento, casada com José de Paula Almeida.
1.6) D. Firmina de Paula Lisboa, casada com Manoel Lopes Pereira.
1.7) D. Maria Luiza da Conceição, casada com Manoel Luiz Barbosa da Cunha [trisavós do autor deste blog; Manoel Luiz era português, filho de José Luís Barbosa e Maria da Motta. Manoel Luís e Maria Luíza eram proprietários do sítio “Onça”, em Paula Lima].
1.8) D. Tereza Maria do Nascimento, casada com Francisco Christino Malta.
1.9) D. Margarida Maria do Nascimento, casada com Manoel Teixeira da Silva.
1.10)         Manoel Luiz Pereira Lisboa, 26 anos de idade.
1.11)         Francisco de Paula Lameu, casado com D. Maria.
2º) D. Gertrudes, casada com Joaquim Martins [nome ilegível]
3º) D. Custódia, casada com Antônio José Corrêa; CURIOSIDADE – Antônio José Corrêa foi casado em primeiras núpcias com Joaquina Maria Esméria. O autor deste blog é descendente deste casal, via avô paterno.
4º) D. Maria, casada com José Gonçalves da Costa
5º) David Pereira Lisboa, casado com D. Francisca
6º) Felícia, casada com Antônio Dias de Novaes
7º) D. Rita, falecida, foi casada com Raymundo Pinto de Miranda, e representada por seus filhos (Maria Francisca – casada, Sebastião Pinto de Miranda, solteiro, 18 anos, Anna de Miranda, solteira, 16 anos, Rita Maria do Nascimento, 14 anos, Joaquim Raymundo, 12 anos, Maria Joaquina)
8º) D. Anna, viúva de Antônio Alves Pinto
Havia também o neto Antônio, filho da falecida Francisca (aparece no censo de 1831, mas não no inventário).

São estas as informações, referente à família. Qualquer dúvida ou informação, estou á disposição.

FONTES:

Censo – 1831 – Quilombo (Bias Fortes) – Barbacena – Comarca do Rio das Mortes
https://ti.eng.ufmg.br/pop30/principal.php?t=true&popline=listaNominativa&d=20220
Disponibilizado pelo CEDEPLAR (UFMG)

Family Search – Registros da Igreja Católica:
Matrimônio de Miguel Pereira Lisboa e Anna Francisca de Jesus:
Barbacena – Nº Srª da Piedade
Matrimônios 1781, Jul – 1795, Dez – pág. 9 de 112
Batismo de Manoel Luís Pereira Lisboa:
Barbacena – Nº Srª da Piedade
Batismos 1788, Dez – 1798, Dez – pág. 73 de 197

Inventário de Gertrudes Polycarpa de Sousa. Inventariante: Francisco de Paula Lisboa.
Ano: 1883 – 19º Processo – Caixa 185 – ID: 880 – Fundo Benjamin Colucci.
Digitalização: Tarcísio Daniel da Silva; Tratamento das imagens: Luiz Paulo Damasceno.
Arquivo Histórico da Universidade Federal de Juiz de Fora – Juiz de Fora, 11 de Março de 2014.

Inventário de Floriana Maria do Nascimento. Inventariante: Francisco de Paula Lisboa.
Ano: 1892 – 19º Processo – Caixa 256 – ID: 1187 – Fundo Benjamin Colucci.
Digitalização: Tarcísio Daniel da Silva; Tratamento das imagens: Edmo Videira Neto.
Arquivo Histórico da Universidade F. de Juiz de Fora – Juiz de Fora, 29 de Outubro de 2015.

PROJETO COMPARTILHAR. Famílias:

Francisco da Cruz Silva. Disponível em:
http://www.projetocompartilhar.org/Familia/FranciscodaCruzSilva.htm

Francisco da Rosa Garcia. Disponível em:
http://www.projetocompartilhar.org/Familia/FranciscodaRosaGarcia.htm

Manoel Lourenço de Barros. Disponível em:
http://www.projetocompartilhar.org/Familia/ManoelLourencodeBarros.htm

Francisco de Oliveira Braga e Escolástica de Albernaz. Disponível em:
http://www.projetocompartilhar.org/Familia/FranciscodeOliveiraBragaeEscolasticadeAlbernaz.htm

Apolônia Angela de Albernaz (inventário). Disponível em:
http://www.projetocompartilhar.org/DocsMgAF/apoloniaangeladealbernaz1800.htm