A família Leme, de São Paulo,
originária a partir de Pedro Leme (nascido no Funchal, Madeira), deixou um
legado significativo para o Brasil colônia. Seus descendentes ajudaram a
construir não apenas a capitânia de São Vicente, mas todo o estado de São
Paulo, e as regiões Sudeste e Sul. Seus descendentes constituem-se em grande
parte de brasileiros, de todas as origens. Falar dos Lemes é falar do Brasil.
Ao longo da história, foram bandeirantes, donos de engenho, juízes, capitães,
fazendeiros e autoridades políticas. Hoje, estão presentes em todos os
segmentos da sociedade brasileira.
Em face de sua grandeza, seja em
número, seja em história, esta família é muito estudada por genealogistas e
historiadores. Mas existem três
pontos “nebulosos” sobre as origens de Antão Leme (pai) e Pedro Leme (filho),
os patriarcas dos Lemes brasileiros:
1º ponto) A ascendência, por varonia, de Antão Leme até os
Leems, de Bruges (Flandres) ainda é polêmica. Existem fontes bibliográficas
conflitantes sobre as filiações em Portugal e Ilha da Madeira. É fato a origem
flamenga, mas não há consenso quanto á “forma”. Nas ponderações apresentadas
abaixo, serão realizadas citações de um trabalho acadêmico, que, a meu ver,
resolveu tal questão.
2º ponto) Alguns genealogistas, discutem se Antão Leme era
filho de Catarina de Barros, em razão de uma suposta cronologia conflitante. Além
disso, o Nobiliário da Ilha da Madeira, de Henrique Henriques de Noronha, escrito
em 1700, não apresenta Antão Leme descrito no título dos Lemes. Ambas as
ressalvas, constam no site “Capitão Domingos da Silva e Oliveira”, indicado nas
referências.
Como “contra-argumento” ás
indagações acima apresentadas, há apenas a petição de Pedro Leme, em 02 de
Outubro de 1564, perante o desembargador Braz Fragoso. No documento apresentado
por Taques, e, posteriormente, Silva Leme, consta:
'Diz
Pedro Leme, que ele quer justificar que é filho legítimo de Antão Leme, natural
da cidade do Funchal da Ilha da Madeira, o qual Antão Leme é irmão direito
de Aleixo Leme e de Pedro Leme, os quais todos são fidalgos nos livros de
El-rei, e por tais são tidos e havidos e conhecidos de todas as pessoas que
razão têm de o saber; e outrossim são irmãos de Antonia Leme, mulher de
Pedro Affonso de Aguiar, e de Leonor Leme, mulher de André de Aguiar, os
quais outrossim são fidalgos, primos do capitão donatário da Ilha da Madeira;
os quais Lemes outrossim são parentes em grau mui propínquo de Dom Diniz de
Almeida, contador-mor, e de D. Diogo de Almeida, armador-mor, e de Diogo
de Cablera, f.° de Henrique de Sousa, e de Tristão Gomes da Mina, e de Nuno
Fernandes, veador do mestrado de Santiago, e dos filhos de Claveiro por ser a
mãe deles outrossim sobrinha dos ditos Lemes, tios e pai dele suplicante,
os quais são tidos e havidos e conhecidos em o reino de Portugal por fidalgos;
pede a Vmce. lhe pergunte suas testemunhas, e por sua sentença julgue ao
suplicante por fidalgo, e lhe mande guardar todas as honras, privilégios e
liberdade que às pessoas de tal qualidade são concedidas. E. R. M.'
Primeiramente, devemos
questionar: o que é “irmão direito”? De acordo com a enciclopédia Larousse
Cultural, dentre as definições de “direito” (adjetivo), especialmente, em
heráldica, significa “das armas do chefe de geração ou linhagem, sem quebra nem
diferença; diz-se também do brasão apresentado em sua posição normal. Portanto,
creio que podemos entender que Antão Leme foi apresentado como irmão “direto”
dos demais.
Como reflexão, é importante
revisarmos e enfatizarmos o parentesco com os irmãos Almeida, exposto por
Taques. D. Diogo de Almeida, e D. Diniz de Almeida (contador-mor do reino), eram
filhos do casal Antônio de Almeida (contador-mor do reino) e Maria Paes, sendo
esta filha de João Rodrigues Paes (também contador-mor do reino) e Catharina
Leme. Esta última era irmã de Antônio Leme, bisavô de Antão Leme, conforme
exposição de Pedro Taques.
Além da citação de parentesco com
os Almeidas, Pedro Leme, em sua justificação, apresentou como tias Antônia Leme
e Leonor Leme, casadas respectivamente com Pedro Affonso de Aguiar e André de
Aguiar, primos dos donatários da Ilha da Madeira. No Nobiliário das Famílias de
Portugal (Felgueiras Gayo), no título dos Aguiares (arquivo 40102 – página 197),
consta o casamento de André de Aguiar com Leonor Leme, sendo esta descrita como
filha de Antônio Leme, neta de Martim Leme e bisneta de Antônio Leme, o
flamengo. A descrição é compatível com a apresentada por Montarroyo in Pedro Taques. Quanto a André de
Aguiar, o mesmo era, de fato, ligado aos Câmaras; sua avó era Isabel Gonçalves
da Câmara, filha de João Gonçalves Zarco.
É interessante notar que Pedro Leme comprovou sua nobreza não apenas
pela ligação com os Lemes, e não descreveu com detalhes sua genealogia; sua
comprovação foi totalmente embasada em parentescos relativamente recentes e
colaterais, em especial, com os Almeidas, Aguiares e Câmaras.
De acordo com Montarroyo in Taques, Martim Leme é o formador do
tronco dos Lemes na Ilha da Madeira, citando, inclusive, o ano de 1483 como
data de sua mudança para a ilha. Portanto, Antão Leme seria seu neto, e, Pedro
Leme, seu bisneto.
Silva Leme, no título de Lemes,
cita:
F-1 Pedro Leme, que passou da dita ilha a S.
Vicente com sua f.ª Leonor já casada com Braz Teves, como escrevemos adiante. Pedro Taques menciona a este Pedro Leme
como o 1.º chegado a S. Vicente, porém frei Gaspar da Madre de Deus assevera
ter visto o livro mais antigo de termos de vereança de S. Vicente (não
consultado por Pedro Taques) onde consta que Antão Leme foi juiz ordinário na
dita vila em 1544; portanto, este (e não seu f ° Pedro Leme) deve ser considerado
como o tronco dos Lemes em S. Paulo.
Se há testemunhos de Antão Leme
ser juiz em São Vicente em 1544 (conforme informação acima), sendo que Pedro
Leme, seu filho, já estava em 1550 em São Vicente com sua mulher, Luzia
Fernandes, e filha, Leonor Leme (neta de Antão), já casada com Braz Esteves, e
justificou sua fidalguia em 02 de outubro de 1564, é possível supormos:
- Leonor Leme, talvez, seria
nascida por volta de 1530, ou pouco depois.
- Pedro Leme seria nascido por
volta de 1505-1510, ou depois [faleceu em Março de 1600]
- Antão Leme poderia ter nascido,
por volta de 1485.
Se Antão Leme é realmente neto de
Martim Leme, que imigrou para a Madeira em 1483, de fato, a cronologia só é
pertinente se Martim Leme levou para a ilha seu filho Antônio, já com idade
para casamento. Se Antônio nasceu na Ilha da Madeira, há equívocos na
apresentação da linhagem.
No entanto, no magnífico trabalho de Margarida Ortigão Ramos Paes Leme [ver
referência e link abaixo], foi realizada
a reconstituição da genealogia e cronologia dos Lemes. De acordo com suas
ponderações, a linhagem correta dos mesmos seria:
1- Martim
Leems, cavaleiro flamengo, mudou-se para Lisboa, em 1452. Casou-se com Leonor
Rodrigues. Tiveram 6 filhos:
2 – Luís Leme;
2- Martim Leme,
“o moço”. Negociante, com registros na Ilha da Madeira; talvez, participou da
conquista de Tanger, em 1471. Falecido antes de 13/08/1485.
2- Antônio
Leme, o flamengo. Assim como o irmão, participou da conquista de Tanger, em
1471. Obteve carta de fidalguia em 12/11/1471. Em 1483, foi para a Ilha da
Madeira. Casou-se com Catharina de Barros, e, mais tarde, foi colaborador de
Cristóvão Colombo. Seus filhos seriam:
3 – Antão Leme - imigrou para São Vicente com a
família; Falecido: 1560.
3 – Pedro Leme
- sem maiores informações.
3 – Martim
Leme - sem maiores informações.
3 – Aleixo Leme,
casou com Mécia de Melo.
3 – Ruy Leme;
casou com Leonor Vieira (1º) e Maria Franco Cabreira (2º).
3 – Antônia
Leme, casou com Pedro Afonso de Aguiar.
3 – Leonor
Leme, casou com André de Aguiar da Câmara.
2 – João Leme.
Foi para a Ilha da Madeira, sendo enterrado na Igreja do Convento de São
Francisco.
2 – Rui Leme,
testemunha, em 1494, do Tratado de Tordesilhas. Cavaleiro de D. Manoel em
19/09/1497. Rendeiro da Alfândega de Funchal em 1506.
2 – Catarina
Leme. Casou com Fernão Gomes da Mina (1º) e João Rodrigues Paes (2º),
contador-mór do Reino. Deste casamento, foram descendentes os irmãos Almeidas,
citados na justificação de Pedro Leme.
2 – Isabel
Leme;
2 – Maria
Leme, casou com Martim Dinis – mãe de Henrique Leme, mencionado e estudado pelo
trabalho de Margarida Paes Leme.
Diante da revisão apresentada, creio na compatibilidade e possibilidade
de Catharina de Barros ser a mãe de Antão Leme, sendo este irmão direto dos
demais, conforme carta de justificação de Pedro Leme e revisões genealógicas
dos Lemes, conforme artigo de Margarida Paes Leme. Além disso, a ausência
de seu nome no Nobiliário da Ilha da Madeira, por si só, não representa a
impossibilidade de filiação materna de Antão Leme. Esta é a opinião do autor
deste blog, embasada na bibliografia citada e referenciada.
3º ponto) Pedro Taques (Nobiliarchia Paulistana – Século
XVIII) e Silva Leme (Genealogia Paulistana), afirmam que Antão Leme era filho
de Antônio Leme e Catharina de Barros, sendo esta filha de Pedro Gonçalves da Câmara e Izabel de Barros.
Esta suposta ligação com Pedro
Gonçalves da Câmara exerce impactos significativos na ascendência dos Leme. De
acordo com a descrição de Silva Leme:
D-1 Antonio Leme, f.º de C-1, viveu na Ilha da Madeira muito abastado
na sua quinta, que depois se chamou dos Lemes, na freguesia de Santo Antonio do
Campo junto à cidade do Funchal. Casou com Catharina de Barros, a qual
instituiu o morgado na vila da Ponta do Sol na dita ilha, f.ª de Pedro
Gonçalves da Camara e de Izabel de Barros, n. p. de Pedro Gonçalves da
Camara e de Joanna d'Eça, esta f.ª de João Fogaça e da camareira-mor da
rainha d. Catharina mulher de d. João III; bisneta do 2.º capitão do
Funchal João Gonçalves da Camara, fidalgo da casa real, que foi
tido em alta estima pelo rei por grandes serviços que lhe prestara na tomada de
Cepta e de Arzilla, e de Maria de Noronha (com quem se casou em Cepta) f.ª
de dom João Henriques, por este neta de dom Diogo Henriques, conde de Gijon,
que foi f.º natural de dom Henrique, rei de Castela; terneta do 1.º capitão
do Funchal João Gonçalves Zargo e de Constança Rodrigues de Almeida (f.ª de
Rodrigo Annes de Sá), os quais com seus f.ºs ainda menores em 1420 foram povoar
a Ilha da Madeira, da qual foi o descobridor e capitão o dito Zargo, com
propriedade na metade dela por concessão de el-rei.
Pois bem. Conforme observado, a
genealogia apresentada por Silva Leme insere o Rei Enrique II, de Castela, nas
origens dos Lemes paulistas, assim como toda a dinastia Afonsina (POR), Capet
(FRA), Anjou e Normanda (ING), assim como diversos monarcas de Aragão, Hungria,
Kiev, reis nórdicos e Sacro-Imperadores romano-germânicos. Em resumo:
praticamente todas as casas reais europeias foram inseridas na genealogia dos
Lemes paulistas. Além dos reis, a família Câmara é de notáveis feitos em
Portugal, inclusive, quanto ao descobrimento e povoamento inicial da Ilha da
Madeira, sendo estes também os capitães e donatários da mesma. No entanto,
devemos fazer as seguintes indagações: esta
genealogia está correta? Qual foi a fonte bibliográfica de Silva Leme? Existem
elementos comprobatórios desta ligação?
Silva Leme, certamente, embasou a
genealogia inicial dos Lemes nos trabalhos de Pedro Taques, e, este último,
utilizou Montarroyo como sua
referência. Taques, se limitou a apontar Pedro Gonçalves da Câmara e Isabel de
Barros como pais de Catharina de Barros; Silva Leme apresentou á Pedro
Gonçalves da Câmara pai homônimo e Joana D’Eça como mãe, ligando o mesmo aos
nobres ramos, conforme citado acima.
Haveria alguma outra fonte
bibliográfica que dê suporte á ligação familiar construída por Silva Leme? Como
os nobiliários tratam da genealogia dos Câmaras?
Felgueiras Gayo, em seu
Nobiliário das Famílias de Portugal, expõe dois casamentos de Pedro Gonçalves
da Câmara: a primeira vez, Joana D’Eça, e a segunda vez com Catarina de
Ornellas de Saavedra. Mas não há filho homônimo.
O padre Antônio Cordeiro, no
livro “História Insulana das Ilhas” (ver referência), na página 227, ao
descrever a genealogia da esposa de João de Bettencourt, o degolado, escreve:
(...) e o quarto neto era
o primeiro Vital de Betencor, cujo degolado pai João de Betencor era filho de
Francisco de Betencor, primeiro do nome, e de sua mulher D. Maria da Camera,
filha do segundo Pedralves da Camera, e neta do primeiro Pedralves da Camera,
que da Madeira veio para a Terceira, e bisneta legítima do segundo capitão de
Funchal João Gonçalves da Camera (...)
Apesar do segundo “Pedralves da
Camera” já ser natural da Ilha Terceira, em razão da migração de seu pai,
oriundo da Madeira, o Padre Antônio Cordeiro atribuiu filho homônimo a um dos
filhos do capitão João Gonçalves da Câmera. O termo “Pedralves” pode ser Pedro
Gonçalves ou Pedro Álvares; não sabemos. Existem indícios que este Pedro
Álvares da Câmara originou os Câmaras da Ilha Terceira.
Estes dois breves exemplos
(Felgueiras Gayo e Pe Antônio Cordeiro) apenas demonstram o quão confusa e
polêmica são as genealogias dos primórdios das ilhas.
Se observarmos, em sua árvore de
costados, o pai, avô, bisavô e trisavô [este filho de Pedro Leme e Isabel
Paes], todos possuem o sobrenome “Leme da Câmera”. Qual é a razão desta
denominação? Qual foi a fonte de Felgueiras Gayo? Seria o sobrenome “Câmera”
uma adição em referência ao parentesco por afinidade com os Câmaras, conforme
petição de Pedro Leme? Ou, de fato, são os Lemes descendentes dos Câmaras?
Teria Felgueiras Gayo consultado a obra do próprio Roque Macedo Leme, publicada
em 1792 em Lisboa? Provavelmente sim.
OUTRA VERSÃO: PEDRO GONÇALVES DA CLARA
O genealogista Luís Porto
Moretzsohnm de Castro, em publicação na Revista do Instituto de Estudos
Genealógicos, baseando-se no Nobiliário da Ilha da Madeira, de Henrique
Henriques de Noronha, afirma que Catarina de Barros, a esposa de Antônio Leme,
era filha de Pedro Gonçalves da Clara e Isabel de Barros, enfatizando que, no
título de Câmaras da referida obra, não há menção a este casal.
Carlos de Agrela, em seu trabalho
“Famílias da Madeira e Porto Santo”, no § 8º, na descrição da prole de Pedro
Gonçalves da Câmara e Joana de Eça, não menciona nenhum filho homônimo, nem um
segundo casamento ou descendente que imigrou para a Ilha Terceira.
Felgueiras Gayo, no título de
Câmaras, aponta dois casamentos de Pedro Gonçalves da Câmara, mas nenhum filho
homônimo.
Em registros informais, sobre
acontecimentos anuais na Ilha da Madeira, consta que, em 1508, houve a venda da
Capela do Santíssimo Sacramento a Pedro Gonçalves da Clara e sua mulher Isabel
de Barros.
Margarida Paes Leme, em seu
artigo sobre os Lemes, afirma que Catarina de Barros era filha de Pedro
Gonçalves da Clara e sua mulher Clara Esteves; no entanto, segundo diversos
fóruns, inclusive no sítio Geneall, afirma-se que Clara Esteves fora sua
primeira esposa, e, seu nome, na verdade, era apenas Pedro Gonçalves.
PONDERAÇÕES FINAIS
Diante da não-menção por
genealogistas da Ilha da Madeira do filho homônimo “Pedro Gonçalves da Câmara”,
ligado a família Câmara, casado com Isabel de Barros, e a evidência da
existência do casal Pedro Gonçalves da Clara e Isabel de Barros em 1508, creio que é prudente e zeloso
entendermos que Catarina de Barros, a esposa de Antônio Leme, era filha de
Pedro Gonçalves da Clara e Isabel de Barros. Quanto ás origens de Pedro Gonçalves da Clara, não a conhecemos.
Provavelmente, era um homem de posses e prestígio junto á comunidade, visto que
ele e sua segunda esposa adquiriram uma Capela e instituíram um morgado na
Ribeira dos Melões.
A ligação familiar direta dos
Lemes com os Câmaras, no meu entender, carece de fontes concretas, onde não é
possível contestar as genealogias tradicionais dos Câmaras na Ilha da Madeira.
José Freire de Montarroyo Mascarenhas, fonte primária de Taques, expediu seus
trabalhos no século XVIII, ou seja, período muito posterior ao possível “enlace”
entre os Lemes e os Câmaras. Além disso, Pedro Leme, em sua petição, mencionou
o casamento de suas irmãs com os Aguiares; se o mesmo fosse, de fato,
descendente dos Câmaras, poderia ter citado o seu suposto bisavô Pedro
Gonçalves da Câmara.
Uma informação, a ser discutida,
é o fato de João Gonçalves da Câmara, pai de Pedro Gonçalves da Câmara, ser o
fundador do Convento de Santa Clara (informação do trabalho de Agrela). Talvez,
poderia, a partir deste ponto, existir alguma ligação familiar interessante.
Mas, isto é apenas uma suposição, sem nenhum embasamento concreto.
Gostaria, por meio deste texto,
de incentivar discussões e investigações sobre as origens de uma família tão
ilustre e grandiosa na história de São Paulo e do Brasil. É uma honra ser
descendente dos Lemes, homens, que, da belíssima Bruges, se expandiram para
Portugal, para as ilhas e para o Brasil.
OBSERVAÇÃO: Quero aqui esclarecer, primeiramente, que meu intuito aqui
é apresentar, resumidamente, as opiniões sobre as principais dúvidas que pairam
sobre a Genealogia dos Lemes, e promover o debate sobre esta ascendência. Não
tenho a pretensão de colocar um “ponto final” na questão, até por que, muitos
genealogistas, com muito mais conhecimento e experiência que o autor deste blog,
já discutiram este assunto. Além disso, minhas fontes de informações
(apresentadas abaixo) são extraídas da internet, e não de compêndios
genealógicos iniciais.
FONTES BIBLIOGRÁFICAS:
Biografia do cônego Roque Luiz de
Macedo Paes Leme da Câmara. Colégio Brasileiro de Genealogia. Disponível em:
http://www.cbg.org.br/novo/colegio/historia/patronos/conego-roque-luiz-de-macedo-paes-leme-da-camara/
Capitão Domingos da Silva e
Oliveira [Exposição do Nobiliário da Ilha da Madeira]
http://capitaodomingos.com/o-o-leme-na-nobiliarquia-nobiliario-genealogia-da-ilha-da-madeira-nao-tem-antao-leme/
Famílias da Madeira e Porto Santo. Câmaras de Lobos. AUTOR: Compilação
de Carlos Agrela. Disponível em:
http://www.concelhodecamaradelobos.com/Documentos/familias_porto_santo_madeira_camara_lobos.pdf
GAIO, Felgueiras, 1750-1831
Nobiliário de famílias de Portugal /
Felgueiras Gaio. - [Braga] : Agostinho de Azevedo Meirelles : Domingos de
Araújo Affonso, 1938-1941 (Braga : : Pax). - 17 v. : il. ; 30 cm;
Digitalizado e disponível em: http://purl.pt/12151
Genealogia Paulistana - Luiz
Gonzaga da Silva Leme (1852-1919)
Vol II - Pág. 179 a 229 - Tit.
Lemes (Parte 1)
http://www.arvore.net.br/Paulistana/Lemes_1.htm
Grande Enciclopédia Larousse Cultural. Volume 8 [CUX-DUR] –
página 1925, 3ª coluna.
Impressão: Atlântida – Cochrane S.A. Argentina; Nova Cultural
Ltda 1998. ISBN 85-13-00762-5.
História Insulana das Ilhas a Portugal sugeitas no Occeano
Ocidental. Padre Antônio Cordeiro. Companhia de Jesus. Obra Original: Lisboa,
1717. Texto Digitado; Disponível em:
https://archive.org/stream/historiainsulan01cordgoog/historiainsulan01cordgoog_djvu.txt
Nobiliarquia Paulistana Histórica e Genealógica. Pedro Taques
de Almeida Paes Leme. Tomo III. Título LEMES. Editora: USP. Ano: 1980. OBS: A
obra original, é do Século XVIII.
Os Lemes – um percurso familiar de Bruges a Malaca. Margarida
Ortigão Ramos Paes Leme. Seminário de História Política do Mestrado em
História, área de História e Arqueologia Medievais, no ano letivo de 2005-2006.
SAPIENS - Revista de História, Património e Arqueologia, n.º 0, 2008.
Página 27. Disponível em: http://www.revistasapiens.org/Biblioteca/numero0/
oslemes.pdf
Bom Dia Saulo,
ResponderExcluirPrimeiramente quero cumprimentá-lo pelo excelente trabalho que realizou. Não sou um especialista nas famílias Silva Leme e Da Câmara, mas confesso que certas discrepâncias têm me incomodado. Não sou nenhum expert em genealogia, e meus levantamentos também estão restritos ao imenso acervo disponível na internet. Muitas das dúvidas que possuia foram esclarecidas com a leitura de seu material, mas permanece uma contradição cronológica. Quais sejam:
1. Pedro Gonçalves da Camara, terceiro donatário do Funchal teria nascido em 1470, esta data até pode ser compatível com as de seu pai (2° donatário) e avô (1° donatário)que teriam nascido respectivamente em 1435 e 1390, datas que a meu ver apresentam uma diferença de idade muito larga para os padrôes da época.
A serem corretas estas datas, as mesmas estariam compatíveis com a família de Joana de Eça, onde seu pai João Fogaça teria nascido em 1453 e sua mãe Maria de Eça em 1455.
2. Pedro Gonçalves da Camara "O da Clara" teria, no caso acima nascido em 1490, o que neste caso o colocaria em incompatibilidade com sua esposa (Cathalina) Isabel De Barros que teria nascido em 1455 na Ilha da Madeira, como fruto da união de Cathalina de Barros (1425) e Lopo Vaz Delgado (1420).
3. Sua filha Catharina de Barros, casada com Antônio Leme, teria nascido em 1485 e seu marido em 1445, o que a tornaria 5 anos mais velha que seu pai.
Acredito que a cronologia poderá ser o elo que falta para solucionar as controvérsias encontradas, principalmente entre os Da Câmara e Da Clara, já que nas genealogias de ambos existem uma diferença de idade superior á 30 anos.
Eu até tentei compatibilizar as cronologias apresentadas na internet com as famílias envolvidas, mas não consegui, sempre surge incompatibilidade entre as famílias: Da Camara, Zarco, Fogaça e Eça, Barros e Vaz Delgado, Leme e a figura de Antão Leme.
Você porventura já possui esta genealogia já montada com as respectivas datas de nascimento e falecimento?
Gostaria de suas impressôes sobre meus comentários.
Grato,
Um Abraço
Marco Antônio Paim de Andrade
Caro Marco Antônio, boa noite!
ResponderExcluirMuito obrigado pelo comentários e considerações. Bom, vamos lá:
- Sobre a construção cronológica da família, sei que João Gonçalves Zarco foi o 1º Capitão do Funchal, em 1420, e seu filho, João Gonçalves da Câmara, teria nascido em 1414 e falecido em 26/03/1501. Estas informações são do "História Insulana das Ilhas", do Padre Cordeiro; A cronologia dos Eças, eu desconheço, e lhe agradeço por me apresentar tais informações.
- Antônio Leme, casado com Catarina de Barros, pai e mãe de Antão Leme, de fato, nasceu por volta de 1445-50. A Catarina de Barros, de fato, parece ser filha de Pedro Gonçalves DA CLARA, que, em 1508 comprou a Capela do Santíssimo Sacramento no Funchal; Antes disso, em 1496, dois filhos deste, Pero Gonçalves e Diogo de Barros, se envolveram em um "mal-entendido" na Ilha, e foram enviados a Ceuta. Em 1487, há um documento, referente a administração da Capela de Clara Esteves, que seria a primeira esposa de Pero Gonçalves [da Clara]. Estas informações são da Torre do Tombo, e permitem inferir que este Pero Gonçalves [da Clara], pai da Catarina, seria nascido por volta de 1450-55, ou seja, seria de idade semelhante ao genro. Digo isto porque ele já tinha filhos adultos em 1496, que foram enviados a Ceuta. A Catarina de Barros, de fato, poderia ter nascido por volta de 1480-85, certamente, como você ponderou.
- Se este Pero Gonçalves da Clara, for, por suposição, neto do João Gonçalves da Câmara, o pai, Pedro Gonçalves da Câmara, casado com Joana de Eça, teria nascido por volta de 1435. O Padre Cordeiro o indica como 3º filho de João Gonçalves da Câmara, nascido em 1414, ou seja, este, com 21 anos, já estaria no 3º filho. De fato, A CRONOLOGIA É APERTADA. Hoje, creio que o prudente e sensato é apenas considerarmos o Pedro Gonçalves da Clara como antepassado sem vínculo com os Câmaras. São indivíduos distintos.
Eu tenho um arquivo com as datas estimadas e demais informações e ponderações. Está em formato de uma grande árvore, posso lhe mandar. Por gentileza, me envie um e-mail, para saulo_franco@yahoo.com.br com a solicitação.
Muito obrigado pela atenção, caro Marco Antônio! Sdçs, Saulo.
Vejamos a cronologia pelo tronco de Garcia de Eça, Fidalgo da Casa Real de Afonso V, Alcaide Mor de Muge e Comendador da Cardiga na Ordem de Cristo. Seus registros face a sua posição na Casa Real são documentados e divulgados.
ResponderExcluir1. Garcia de Eça – Nascimento 1426
A 22 de Janeiro de 1452, D. Afonso V de Portugal confirmou o contrato de casamento estabelecido entre D. Garcia de Eça, Fidalgo, Cavaleiro da sua Casa, e D. Joana de Albergaria, filha de Vasco Martins de Albergaria e Maria Nogueira, Aia das Infantas.
Deste casamento deixou quatro filhos e uma filha:
2. D. Maria de Eça “filha” (c. 1455 - d. 6 de Agosto de 1526), Dama da Rainha, que a 6 de Agosto de 1526 recebeu alvará para se lhe dar 5.000 reais em pagamento da metade de seu ordenado, casada com João Fogaça (c. 1453 - 1511), com geração:
3. Joana de Eça “filha/neta” (c. 1480 - d. 13 de Setembro de 1572), em 1572, quando, já não exercendo mais a função de Camareira-Mor da Rainha D. Catarina, esta emite um Decreto em que manda Afonso de Freitas, seu Tesoureiro, dar a Maria da Silva, criada de D. Joana de Eça, 2.000 réis de que lhe fazia mercê.
Joana de Eça (1480-1572) foi casada com Pedro Gonçalves da Câmara, filho de João Gonçalves da Câmara (1414-1501), segundo capitão-donatário do Funchal, cargo em que sucedeu ao pai por volta de 1467, e de sua segunda mulher D. Maria de Noronha, foi ainda neto paterno de João Gonçalves Zarco (1390-1471),
4. João Gonçalves da Câmara (1414-1501), se casou a primeira vez com Isabel Homem de Sousa, e pela segunda vez com Dona Maria (Mécia) de Noronha. Herdou a capitania de seu pai e fundou o Convento de Santa Clara cujas obras foram concluídas em 1497. A sua longevidade permite concluir que chegou às núpcias mais cedo em seu primeiro casamento, e mais tardiamente no segundo, o que poderia corroborar uma data de nascimento para seu filho Pedro Gonçalves da Câmara (1470,provável), mais próxima da de sua esposa Joana (1480).
ResponderExcluir5. Pedro Gonçalves da Câmara e Pedro Gonçalves da Clara, provavelmente são a mesma pessoa, ou seja, Pedro Gonçalves da Câmara “O da Clara” (Ilha da Madeira 1490-1530 Ilha da Madeira), como é habitualmente reconhecido por alguns sites de genealogia, onde o termo “Da Clara” adviria do fato de seu avô ter fundado o Convento de Santa Clara.
Aqui, eu creio que se situa a maior incoerência, já que sua esposa Isabel de Barros, tida como filha de Lopo Vaz Delgado (Arruda dos Vinhos,Lisboa,Portugal 1420-1460 Messejana,Aljustrel,Portugal) e Cathalina de Barros (Campanário,Ribeira Brava,Funchal,Ilha da Madeira, Portugal 1425-1470 Messejana,Aljustrel,Portugal), teria nascido em 1455, data compatível com o casamento de seus pais “1450”, com o nascimento de seus cinco irmãos, e anterior ao falecimento de seu pai 1460. Isto a tornaria incompatível com o ano de nascimento de seu marido “1490”, e com o nascimento de sua filha Catharina de Barros que viria a se juntar com Antônio Leme que nascera por volta de 1450 na Espanha e que teria falecido próximo á 1530.
Suponhamos que Catarina de Barros tivesse nascido em 1505, quando seu pai teria apenas 15 anos, neste caso sua mãe já estaria com aproximadamente 50 anos e portanto infértil, além disto seu futuro marido ao seu nascimento já contaria com mais de 50 anos.
CONCLUSÃO
Os dados e informações pertinentes às famílias de João Gonçalves Zarco na Ilha da Madeira, de Garcia de Eça em Portugal são muito fartos e consistentes, eu diria que quase incontestáveis, face ao grande volume de decretos que corroboram estas informações. De outro lado, o mesmo não acontece frente a família de Antonio Leme na Espanha e Portugal, ou de seu pai Martim Lems na Bélgica, ao contrário, os documentos disponíveis são confusos, inconsistentes e contraditórios. Por se tratar de um levantamento ou investigação genealógica, no meu ponto de vista, a maior segurança deveria provir exatamente da Família Leme.
Fico perdido nesta situação, pois Antão Leme teria nascido após 1500, e vindo para o Brasil em 1532 na caravana de Martim Afonso de Souza. Tudo perfeitamente compatível, seu pai já teria mais de cinquenta anos. Mas quem então seria a sua mãe? E com que idade ela o concebera?
Não sei quais as suas impressões sobre isto, mas gostaria de conhecer.
Abraços,
Marco Antônio
Caro Marco Antônio, boa noite!
ResponderExcluirDe fato, a cronologia dos EÇAS, em especial, da Joana de Eça (1480 - 1572), "empurra" o nascimento do suposto Pedro Gonçalves [da Clara] para depois de 1500; Em período próximo a 1500, nasceu Antão Leme, pai de Pedro Leme e avô de Leonor Leme. Eles vieram ao Brasil por volta de 1540, todos eles. Se Antão já tinha uma neta recém-nascida neste ano, então supomos que ele tinha mais de 40 anos de idade.
Cada vez mais, tenho a convicção de que, infelizmente, Pedro Gonçalves "da Clara" não está relacionado aos Câmaras, e sua filiação é desconhecida.
Sobre esta "confusão" que há com os Lemes, sugiro "abandonar" Taques e Silva Leme nestas descrições iniciais, e ler o excelente artigo da Srª Margarida Paes Leme, que refez toda a gênese familiar dos Lemes:
https://capitaodomingos.files.wordpress.com/2008/02/8351fd01.pdf
Muito obrigado pela cronologia dos Eças, Noronhas e Câmaras, caro Marco Antônio. São muito elucidativas.
E peço a gentileza de retornar sua opinião, após ver o trabalho de Margarida Leme.
Abraço,
Saulo
Caro Marco Antônio, agora a pouco, fiz, em uma folha de papel, uma árvore de costados, e fiz a inserção de todas as datas que conheço e as fornecidas por você.
ResponderExcluirA Catarina de Barros, esposa de Antônio Leme, o flamengo, necessariamente, teria que ter nascido aprox. em 1470, para ter se casado por volta de 1485, além de possuir irmãos adultos em 1496 (Pedro Gonçalves e Diogo de Barros, que, por causa de um desentendimento em Funchal foram obrigados a servir um ano em Ceuta);
Este nascimento em 1470 da Catarina de Barros, é totalmente incompatível com sua avó paterna Joana de Eça [segundo Taques e Silva Leme], que teria nascido em 1480, e seu avô, Pedro Gonçalves da Câmara, nascido por volta de 1470.
As datas de Izabel de Barros e seus antepassados são pertinentes e compatíveis com a genealogia, mas, o ramo paterno, é incompatível.
Então, podemos, com convicção dizer que Taques e Silva Leme erraram ao colocar os Lemes descendentes dos Câmaras, Noronhas e Eças.
Taques e Silva Leme são obras grandiosas, magníficas; mas, a insistência e constante intenção de se apresentarem como "nobreza", sempre, os levaram a este equívoco. Quem não gostaria de se ligar aos Noronhas e Eças, são de nobilíssima origem e descendem de todas as antigas casas reais da Europa? Quem os "encontra" em suas árvores, vai até os primórdios da Europa Feudal. Nossos citados e célebres Taques e Silva Leme tentaram fazer isso na marra, mas, o exame cronológico joga tal ligação por terra.
No CD revisto da Genealogia Paulistana, grande trabalho de Marta Amato, ela fez esta correção, trocando "Pedro Gonçalves da Câmara" por Pedro Gonçalves da Clara. Fiz a aquisição do CD, e pude verificar a correção.
Abraço!
Olá.
ResponderExcluirMe chamo Lucas e achei o Blog muito interessante.
Eu sou descendente dos Ornellas e dos Câmara, acontece que em um site de genealogia, me deparei com uma duvida, não sei se tu saberia me responder...
Um dos meus ancestrais é Catharina Ornellas de Saveedra e o outro, em alguns lugares consta ser Pedro Alvares da Câmara e em outros Pedro Gonçalves da Câmara. Fiquei em duvida. Pedro Gonçalves da Câmara seria filho de João Gonçalves da Câmara enquanto Pedro Alvares da Câmara seria filho de Alvaro da Câmara.
Caro Lucas,
ExcluirBoa noite,
Muito obrigado pelo elogio ao Blog. Ontem, tive problemas de acesso á internet, e não pude ver sua postagem.
Vi a resposta do amigo Marco Antônio abaixo, e creio que as ponderações que ele apresentou são pertinentes.
Abraço,
Saulo
Oi Lucas,
ResponderExcluirPedro Álvares da Câmara (1435- ) e Catarina de Ornelas de Saavedra (1470- ), foram pais de:
1. Isabel de Ornelas da Câmara (1460- ) que casou com Antão Martins Homem (1450-1531), e juntos tiveram:
1.1. Catarina da Câmara Homem, se casou e foi a segunda esposa de Diogo Paim (1480-1541), que em seu primeiro casamento foi o marido de Branca de Ornelas da Câmara, sua tia, e irmã de sua mãe. Veja a seguir:
2. Branca de Ornelas da Câmara (1490- ) foi a primeira esposa de Diogo Paim (1480-1541).
Bem, eu sou como bom “PAIM”, sou descendente de Diogo Paim, então possivelmente somos primos em 14° ou 16° grau. Kkkkk
Vamos lá,
O marido de Catarina de Ornelas de Saavedra, como você pôde constatar, foi realmente Pedro Álvares da Câmara, filho de Álvaro Gonçalves da Câmara, e neto de Gonçalo Esteves Zarco (1366- ) e de D. Beatriz de Santarém (1375- ). Desta forma, podemos constatar que seu pai Álvaro Gonçalves da Câmara era irmão de João Gonçalves Zarco (1390-1471), que havia sido casado com Constança Gonçalves Zarco (nascida Rodrigues de Almeida 1394-1467), os pais de João Gonçalves da Câmara (PT 1435-1501 Funchal), segundo donatário do Funchal.
Creio agora, que esta minha resposta esclarece a sua dúvida e encerra a controvérsia criada por algumas genealogias equivocadas.
Gonçalo Esteves Zarco (1366- ), o patriarca, foi um navegador português e cavaleiro fidalgo da Casa do Infante D. Henrique. Comandante de barcas, e o escolhido para organizar o povoamento e administrar por si a Ilha da Madeira, na parte do Funchal, a partir de cerca de 1425. Ele foi o primeiro donatário de Funchal.
Um abraço,
Olá Marco Antônio,
ExcluirObrigado pelo auxílio meu caro!
Abraço!
Este assunto parece que vai render. O material que me enviou é muito bom, mas precisa ser cuidadosamente analizado; como falei a genealogia de Antônio Leme é controversa:
ResponderExcluir1. Seu pai Maerten Lem (Bruges 1385-1471 Brussels, Belgium) era origiário da Bélgica, foi casado uma primeira vez com Joana Barroso, com quem teve Maerten Lem II - Martim Leme (nascido em 1441), Carlos Lems, almirante de França e Willem Lem. Após o falecimento de sua primeira esposa, juntou-se a Leonor Rodrigues, com quem teve Antônio Leme, Rodrigo (Rui) Leme, Isabel Leme, João Leme, Catarina Leme, Maria Leme e Luís Leme. O trabalho que me enviou de “Margarida Ortigão Ramos Paes Leme”, não cita este primeiro casamento com Joana Cardoso, mas considera estes três primeiros filhos; ele também não revela a ascendência de Maerten Lem na Bélgica:
2. Ascendência de Maerten Lem: Filho de Willem Wilhelm Lem e de Claire van Beernem, neto paterno de Boudewijn Lem, e bisneto paterno de Giles Lem.
3. Seu primeiro filho Antônio Leme, se casou com Catharina de Barros (50 anos mais velha que ele). Será que como o seu pai ele também não teria tido uma esposa anterior, aqui não mencionada? Neste caso, a diferença de idade poderia ser explicada, logo os Silva Leme poderiam ser descendentes desta suposta primeira esposa e não de Catharina de Barros! (Conjecturas)
4. Pedro Gonçalves da Câmara, ou Pedro Gonçalves da Clara? Parece-me que Pedro Gonçalves da Câmara, já que este antes de se casar com Isabel de Barros, teria se casado também anteriormente com Clara Esteves, e daí por força de hábito, em Portugal á época se costumava acrescentar o nome da esposa ou da mãe ao nome do filho para se evidenciar a sua origem (ex: Cláudio da Regina). No Link abaixo da Geneall Net esta informação é revelada. Esta informação inclusive explicaria o fato de o Convento de Santa Clara fundado pelo seu pai “João Gonçalves da Câmara” em 1497 ter recebido este nome, ou seja, uma “Clara” e justa homenagem á nora falecida.
O material que me mandou é muito rico e extenso, preciso analisá-lo nos detalhes, e isto poderá demorar um pouco, mas como você pôde ver, parece que começa a colocar alguma luz neste assunto. Veja que são três personagens que possivelmente tiveram um primeiro casamento cada um deles não conhecido e elucidado. Em genealogia é muito frequente um segundo casamento com a irmã da falecida, veja meu comentário em resposta á um post anterior respondendo ao Lucas Burgie. Ah! Este “Burgie” provavelmente como os “Borges” é proveniente de Bruges, na Bélgica, terra de Maerten Lem.
Vou analisar este material com cuidado e lhe passo minhas impressões.
Material do link: http://pagfam.geneall.net/3935/familias.php?id=4299
Décimo Quarto Neto, por Antão Leme, de Da. Catarina de Barros, que viveu na Ilha da Madeira, e casou-se com Antonio Leme. Problemática a filiação de Da. Catarina de Barros, que os autores brasileiros desde Pedro Taques a Silva Leme e Francisco Negrão fazem filha de Pedro Gonçalves da Câmara e Izabel de Barros, entroncando-a numa ascendência aos Condes de Gijon. Consulte-se os autores ilhéus—Fernando Carvalho de Menezes Vaz, “ Famílias da Madeira e do Porto Santo”, tit. Barros vol 7 item 3: “Isabel de Barros casou por 1475 com Pedro Gonçalves de Clara ( 3 ), fidalgo escudeiro do Infante D.Diogo”. Depois explica em nota ( 3 ): “Pedro Gonçalves de Clara, em 2as. núpcias, foi o instituidor do vinculo da Ribeira dos Melões, dono de uma capela na Sé do Funchal, com sua sepultura solene, longe das cinzas de Clara Esteves, mas continuou acompanhado pela sombra da 1ª. mulher. Foi sempre Pedro Gonçalves de Clara ...). Confira-se o Dr. João José Maria Francisco Rodrigues de Oliveira, “ Dicionário Genealógico Bidescendente “, Leme ( obra manuscrita, existente na biblioteca do Instituto Genealógico Brasileiro ) V. também site na internet sobre a família Leme http://paginas.terra.com.br/lazer/familiapaiva/NobiliariodaIlhadaMadeira/Lemes.htm.
Olá Marcos. Desculpe a demora pelo retorno.
ExcluirRealmente me esclareceu várias questões a respeito desse assunto.
Quanto ao Burgie, ele é proveniente de "Burke", quando minha avó foi registrada, o escrivão a registrou errado.
Um grande abraço!
Olá Marco Antônio,
ResponderExcluirBoa tarde,
Quanto mais “render” o assunto, melhor meu caro! Genealogia é um assunto que nunca esgota! Rsrs
Bom, além deste trabalho da Margarida Leme cujo link lhe enviei, há um outro trabalho dela, excelente, sobre o Antão Leme, Pedro Leme e Luzia Fernandes. Segue o link:
http://www.asbrap.org.br/areavip/arquivos/b-%20Ant%C3%A3o%20Leme%20e%20Pedro%20Leme%20rumo%20ao%20Brasil.pdf
Nestas últimas ponderações sobre os Lemes, utilizei como referência maior os trabalhos de Margarida. “Abandonei” um pouco Taques e Silva Leme. A Margarida, nos trabalhos, sem embasou exaustivamente em documentos. Taques e Silva Leme, nestas questões, se basearam basicamente em genealogias, conflitantes com o Nobiliário da Ilha da Madeira. Francisco Negrão, ao que parece, apenas endossou Taques e S. Leme, mas não realizou estudo específico. A genealogia dos Lemes, de fato, é polêmica e controversa, como você disse. Nesse sentido, gostei do método de trabalho de Margarida Leme, que se baseou em provas concretas. Quero aqui ressaltar [para todos os leitores do BLOG e dos comentários] que em hipótese nenhuma estou desqualificando Taques, S. Leme e F. Negrão, mas acho que os mesmos não tiveram a cautela necessária nesta questão da ligação Leme – Câmara – Noronha – Eça.
Sobre este casamento com de um dos Lemes com esta Joana Barroso, as controvérsias são muitas. Além da Margarida Paes Leme, nem Taques, nem Silva Leme a citam. Inclusive, Silva Leme cita o Carlos Leems, almirante, como irmão do Martim Leme, que teve filhos com a Leonor Rodrigues.
A genealogia que possui dois casamentos do Martim Leme, conforme você citou, um com Joana Barroso, e outro com Leonor Rodrigues, que eu conheço, é de um quadro genealógico disponível na internet, em inglês, feito pelo genealogista Ruud J. Lem. Neste quadro, do primeiro casamento, foi filho Maerten Leem, casado em Setembro de 1467 com Adrienne van Nieuwenhove, cujos descendentes ficaram em Bruges; da segunda união, com Leonor Rodrigues, constam o Luiz, Antônio Leme [casado com a Catarina de Barros], Martim Leme [casado com Mª Adão Ferreira], Rodrigo (ou Rui), João, Catarina [casada com Fernão Gomes da Mina e depois João Rodrigues Paes] e Maria [casada com Martim Diniz];
A diferença básica deste trabalho de Ruud Lem para a Margarida Leme, é o fato de ele colocar William Leem, em 1391 c.c. Claire van Beermem. Geraram Maerten Leem, c.c. Joana Barroso [1º] e Leonor Rodrigues [2º]; os filhos, constam conforme descrição acima.
Eu, particularmente, prefiro juntar os trabalhos da revisão da Genealogia Paulistana, feito por Douglas Fazolato e Marta Amato, que levantaram a ascendência flamenga do Martim Leme [igual a descrita por você], e o trabalho da Margarida Leme. O esboço, fica assim:
ResponderExcluir- Leem Gilles, teve:
- Lem Baldwin, teve:
- Willem Leem, em 1384 [?] c.c. Claire van Beermem, teve:
- Martim Leems. Este teve:
- Martim Leems [Martim Leme], em Lisboa, entre 1452 a 1466, teve filhos com Leonor Rodrigues, e, posteriormente, em Bruges, c.c. Adrienne van Nieuenhove, com descendência em Flandres. Faleceu por volta de 1485. Da união com Leonor Rodrigues, em especial, teve: Luís Leme, Martim Leme, João Leme, Rui Leme [testemunha na assinatura do Tratado de Tordesilhas], Catarina Leme [c.c. Fernão da Mina e depois João Paes], Maria Leme [c.c. Martim Dinis] E
- Antônio Leme, nascido em Lisboa, mas criado em Bruges. Em 1471, talvez com uns 17 anos, foi enviado pelo pai em uma urca, em uma expedição em Arzila, contra os mouros, recebendo, em 12/11/1471 carta de fidalguia de D. Afonso. Em 1483, foi para a Madeira, se casando, por volta desta data, com Catarina de Barros. Foi vereador entre 1485 e 1491. Faleceu após 1514. Com a esposa, teve os filhos: Martim Leme, Pedro Leme, Aleixo Leme, Rui Leme, Antônia Leme, Leonor Leme [c.c. André de Aguiar] E
- Antão Leme. De acordo com o outro trabalho/pesquisa de Margarida Leme (“Antão Leme e Pedro Leme rumo ao Brasil”), ainda jovem, foi para Óbidos. Por isso, foi “esquecido” por genealogias tradicionais da Ilha da Madeira, aparecendo apenas na justificação do filho Pedro Leme, ligando-o aos demais irmãos. Em 1542/1543, mudou-se para o Brasil, TALVEZ com o filho, nora e neta. Foi juiz em São Vicente em 1544. Não se sabe com quem casou. Seu filho foi:
- Pedro Leme, pela 2ª vez, c.c. Luzia Fernandes, esta natural de São Mamede, Óbidos, filha de Fernando Eannes, conforme escritura de venda de terras em 1542. Em 02/10/1564, Pedro justificou sua fildalguia. Em 27/03/1600, houve seu testamento em São Paulo. Sua filha foi:
- Leonor Leme, nascida em Óbidos, por volta de 1540. Se casou com Brás Esteves, TALVEZ na Ilha da Madeira. É o tronco dos LEMES brasileiros (Genealogia Paulistana).
Este é o esboço que adoto, caro Marco Antônio, seguindo Fazolato/Marta Amato e Margarida Leme. Diante de tanta “confusão” destas antigas genealogistas, creio que esta é a versão “correta”. E, dada a cronologia dos Eças, informadas no seu post, verifica-se a impossibilidade de Pedro Gonçalves [da Clara] ser um Câmara. Como Joana de Eça, nascida por volta de 1480, poderia ser avó da Catarina de Barros, esposa de Antônio Leme, nascida por volta de 1470?
Sobre o “da Clara”, provavelmente, deve ser em referência a primeira esposa, Clara Esteves, não do Convento de Santa Clara, exatamente. Creio assim. Se o Pedro Gonçalves fosse um Câmara, creio que não só ostentaria o nobre sobrenome como constaria nos Nobiliários da Ilha. É uma família historicamente ilustre e estudada na I. da Madeira.
Por favor Marco, envie suas considerações.
Abraço,
Saulo
Boa noite Saulo,
ResponderExcluirCreio que as informações de qualquer pessoa sustentada por documentos públicos ou mesmo infomais, mas da época, sem dúvida alguma corroboram e dá consistência ao levantamento genealógico. Eu pessoalmente, por absoluta falta de tempo e de recursos, me atenho mais aos conteúdos disponíveis na internet, contudo procuro buscar informações complementares sobre cada indíviduo de modo a dar consistência á cada novo tronco que abro, no passado tive muito trabalho em desconstruir alguns levantamentos tão trabalhosos, para ter que recomeçar de novo, e ás vezes reconstruir 30/40 ou mais gerações. Por tudo isto hoje sou mais cauteloso e procuro me ater mais exatamente a estes documentos e á cronologia; a data de nascimento de um cidadão muitas vezes é suficiente para excluílo de um levantamento, são centenas de casos de filhos que nasceram antes de seus pais.
No caso de Maertem Lem, ou Maarten Lem, temos algumas informações importantes:
1. Seu primeiro filho Marten Lem II, teria nascido em 1441 na Bélgica, como fruto do primeiro casamento do pai com Joana.
2. Em 1466 seu pai foi para Bruges para a cerimônia de casamento do filho que se casou com Adrienne de Nieuwenhove (nascida em 1448), filha de Nicholas (1418-1481).
3. Seu filho Antônio Leme, primeiro dos sete irmãos do segundo casamento de Maarten Lem com Leonor Rodrigues nasceu em Portugal em 1445.
4. O casamento de Maarten Lem em 1471 teria ocorrido de forma a oficializar e regularizar uma união iniciada há mais de 15 anos.
5. Em 1463, Antônio Leme seguiu para a África a mandado de seu pai e muito se distinguiu na tomada de Arzilla e Tanger em 1463; por estes serviços o rei dom Affonso o legitimou e o fez fidalgo de sua casa, conferindo-lhe o foro de cavaleiro e, mais, fez-lhe mercê de poder usar das armas dos Lemes sem diferença, e o mesmo concedeu a seus descendentes de legítimo matrimônio, o que consta da carta de 12 de novembro de 1471 registrada na Torre do Tombo. O brasão de armas dos Lemes é o seguinte: em campo de ouro, cinco melros de preto, em santor, sem pés nem bicos; por timbre um dos melros do escudo em uma aspa de ouro. Este feito é perfeitamente compatível com sua data de nascimento (1445), que neste caso lhe confeririam 18 anos de idade de sua ida a África.
6. O brilhante trabalho da Srª Margarida Paes Leme se ateve á documentos com datas somente posteriores a 1456, e não logrou alcançar as datas de nascimentos dos filhos de Maerten Lem.
Alguns trabalhos postados no Wikipédia têm apresentado materiais muito bons, inclusive com referências bibliográficas que sustentam suas informações. Algumas vezes, é verdade, encontramos também muito lixo, mas vale averiguar. Quando o acessamos, ele nos disponibiliza as informações em português, mas as na maioria das vezes estas informações são limitadas, daí eu rolo a régua a esquerda e busco os levantamentos em outras línguas, principalmente considerando a naturalidade do cidadão que estou levantando, mas busco com certa frequência os levantamentos em Russo e Norueguês, pois em termos de genealogia eles parecem que são experts. Aberto a página neste novo idioma, clico com o lado direito do mouse e pressiono “traduzir para o português”. Pronto, está tudo ali, ás vezes checo a mesma informação em 4 ou 5 idiomas diferentes, e sempre consigo novas informações.
Confira este link da Wikipédia sobre Maarten Lem:
https://translate.google.com.br/translate?hl=pt-BR&sl=nl&u=https://nl.wikipedia.org/wiki/Maarten_Lem&prev=search
Caro Marco Antônio,
ResponderExcluirPrimeiramente, muito obrigado pelo retorno. Para mim, é extremamente gratificante a troca de informações em genealogia. Não é sempre que podemos fazer isto. Eu também me atenho aos arquivos de internet. Infelizmente, livros de genealogia são caros e raros, e isto nos restringe. Eu também passei pela mesma experiência, de começar um trabalho genealógico e depois ter de reconstruí-lo ou descobrir que o mesmo estava equivocado... já perdi muitas horas nisto. Aliás, acho que isto não é uma perca, é um aprendizado! Inclusive, mesmo que descobrimos não pertencer à determinada família, ganhamos conhecimento daqueles ramos que estávamos pesquisando. Você, nesta postagem, me transmitiu uma informação inédita e muito interessante: a expertise de genealogistas russos e noruegueses. Eu não sabia disto. Mas, de fato, nas visualizações deste meu blog, há vários acessos da Rússia. Eu ficava me perguntando se eram brasileiros que por lá estavam, mas não; provavelmente, são genealogistas russos mesmo, que utilizam mecanismos de tradução, como o Google. E foi extremamente oportuno e pertinente o arquivo da Wikipedia em holandês que você me transmitiu, sobre o Maerten Leem. Eu sempre fiquei restrito ao português e inglês na wikipedia, nunca me aventurei em outros idiomas usando o tradutor. Muito valiosa a dica!
Antes de comentar o link da Wikipedia e as informações que você transmitiu, há um ponto muito importante: a expedição em que Antônio Leme foi para Arzila e Tanger. De fato, Silva Leme, na Genealogia Paulistana, coloca 1463 como data; em pesquisa na internet, vi que em 1464 houve uma expedição para conquistar Tanger, mas, fracassada. Somente em 1471, que ocorreu a conquista de Arzila e Tânger [Agosto, aproximadamente], e, nosso Antônio Leme foi feito fidalgo em 12/11/1471. Portanto, creio ser pertinente seguir o trabalho de Margarida Leme, que cita a campanha de 1471 como a que o Antônio Leme, de fato, foi enviado, ganhando a fidalguia logo depois, como muitos outros cavaleiros. Se adotarmos essa data de 1471, e, imaginarmos que o Antônio tinha uns 17/18 anos, podemos inferir que ele teria nascido em 1453/54, compatível com o período em que seu pai, o Martim Leme, teria vivido em Lisboa [1452 a 1456]. Esta data, está compatível com o artigo em holandês na Wikipedia sobre o mesmo. Neste artigo, entende-se que antes de vir para Lisboa e ter os 7 filhos com Leonor Rodrigues, ele já tinha filhos em Flandres [com a Joana Velho/Barroso, como você citou]. A estimativa de nascimento para Antônio neste artigo da Wikipedia [1448] pouco se difere de 1452-53. Inclusive, é citada sua passagem por Bruges com o pai, no casamento do meio-irmão mais velho, com a Adrienne van Nieuwenhove, e por isso o mesmo ganhou o apelido em Portugal de Antônio Leme, “o flamengo”. Com certeza, passou alguns anos em Bruges. Creio que todos estes fatos são compatíveis com o artigo da Margarida Leme. Nossa única “discordância”, é a data da Campanha de Arzila e Tânger e o nascimento do Antônio Leme.
ResponderExcluirHá uma dissertação de Mestrado, de um estudante Lisboeta, com a relação de cavaleiros que estiveram na campanha de 1471, com menção a um Antônio Lemos, cujo pai, Martim Lemos, o enviou junto com uma urca. Segue o link da dissertação:
https://run.unl.pt/bitstream/10362/17705/1/Vers%C3%A3o%20final%20da%20tese%20-%20A%20conquista%20de%20Arzila%20pelos%20Portugueses%20em%201471.pdf
Bom, é isso, caro Marco! Quero aqui agradecer sua participação, e, mais uma vez, solicitar seu parecer quanto á questão.
Abraço, Saulo
Saulo,
ResponderExcluirLí o trabalho “A conquista de Arzila pelos Portugueses” de Paulo Alexandre Mesquita Dias, é um belo trabalho e elucida uma boa parte das conquistas portuguesas. Tudo o que ocorreu naquela época fez parte de um programa ardilosamente montado e elaborado por João de Gaunt e sua filha Felippa de Lancaster, este é, talvez, um dos melhores capítulos da história de Portugal de das navegações portuguesas. Por volta de 1380 Felippa de Lancaster foi enviada a Portugal para se casar com João I de Portugal, com fruto de um tratado meticulosamente elaborado por João de Gaunt. Fillippa seguiu para Portugal com uma comitiva especialmente escalada e preparada para a sua formação nas áreas de sociologia, geografia, economia, navegação, astrologia, matemática e história. Em Portugal Filippa trabalhou lado á lado com seu marido na administração de um programa marítimo de conquistas que se iniciou antes de 1410. Nesta época foram descobertas a Ilha da Madeira e as Ilhas dos Açores, simultaneamente Portugal possuiu os maiores e melhores navegadores do Mundo, e nesta época ocorreram as maiores conquistas e descobrimentos, Ceuta em 1415, Ilha da Madeira 1416, Açores 1427, Serra Leoa 1460, 1469 Guiné, 1471 São Tomé e Principe, 1482 Arzila, Alcácer Ceguer e Tânger, 1487 Bartolomeu Dias atinge o Cabo da Boa Esperança, e assim um acesso para o Oceano Indíco, 1498 Vasco da Gama chega as Indías e conquista Goa e Calecute, em 1500 o Brasil, 1511 Malaca na Malásia e 1513 Cantão e Macau na China.
Todas estas conquistas se deram após inúmeras expedições de exploração de batalhas, diversas mal sucedidas em Tanger a primeira incursão deu-se em 1437, e após sucessivas incursões, em 1463 foi feita em 1463, até sua conquista parcial em 1471 e definitiva em 1482.
O trabalho do Paulo Alexandre espelha bem estas incursões ocorridas entre 1463 e 1471, mas em nenhum momento cita Antônio Leme. Pelo que tenho visto no grosso da literatura mundial, os maiores genealogistas relacionam Antônio Leme a incursão de 1463, e o agraciamento com as armas (brasão) em 1471. Eu particularmente acredito que sua participação se deu de forma continua por todo este período 1463 – 1471, e talvez até depois. Não tenho instrumentos para excluí-lo de 1463. Portanto, dentro desta ótica, todos estariam corretos, pois cada um se ateve a um momento deste período, e não ao todo.
Neste contexto, acho que o Pedro Gonçalves da Câmara continua sendo um forte candidato a ancestral dos Lemes, obviamente associado ao nome de sua primeira esposa Clara, contudo já não vejo como manter Catharina de Barros, pois as datas de seu nascimento e morte são totalmente incompatíveis com a de seus filhos.
Abraços
Caro Marco Antônio,
ResponderExcluirNo trabalho de Paulo Alexandre Mesquita Dias, consta:
Página 33 e 34: “Todos estes cavaleiros podiam dar importantes contributos militares para a hoste régia fazendo-se acompanhar por contigentes próprios e pelos seus familiares. Vejam-se alguns exemplos: Martim Lemos surgia referenciado na documentação como pai de António Lemos, sendo este seu filho privilegiado com o direito de usar o escudo do pai. Este privilégio vinha no seguimento do serviço de Martim Lemos na conquista de Arzila com espingardeiros e homens com uma urca” [nota 291 = Carta régia, Lisboa, 12.11.1471 in IAN/TT, Chancelaria de D. Afonso V, liv. 33, fl. 134v.].
Página 203: “António Lemos”, é o segundo nome desta página, feito cavaleiro em 12/11/1471, em uma relação/listagem de indivíduos privilegiados pela participação na armada de Conquista de Arzila em 1471.
No meu entender, é muito claro que este António Lemos é o nosso Antônio Leme, visto que foi feito cavaleiro na mesma data que o nosso antepassado e possui o mesmo pai (Martim) que foi patrocinador da urca com os espingardeiros. Descrição idêntica á Genealogia Paulistana. Naquela ocasião, o “Leem” ainda era um apelido novo em Portugal, e provavelmente antes de se transformar em “Leme” poderia, claramente, ter sido descrito como “Lemos”. Então, podemos considerar que o nosso Antônio Leme é citado no trabalho de Paulo Alexandre.
Concordo com sua hipótese, de ter ocorrido uma longa preparação e várias campanhas na Tomada de Arzila, a iniciar em 1463 e terminar em 1471. Mas esta citação de participação dele em 1471 não é uma conclusão/opinião minha. O genealogista Manuel Soveral e a própria Margarida Leme adotam 1471 como o ano que Antônio Leme participou da campanha de Arzila. Mas acho a sua opinião pertinente, e ele pode ter participado das etapas entre 1463 a 1471.
Sobre o Pedro Gonçalves da Câmara ser antepassado dos Lemes, creio que o problema para esta ligação é a cronologia dos Eças/Fogaças e Antão Leme. Joana D’Eça (1480 – 13/09/1572) é muito tardia para ser bisavó de Antão Leme (aprox. 1485-90 – f. após 1544).
Abraço,
Saulo
tem um artigo em holandês de André L. Fr. Claeys chamado
ResponderExcluirGeschiedenis van de Brugse Lem/Lems(1337-1900)
Daniel, meu amigo, o texto de André Claeys é ótimo! Usei o tradutor do Google para passar do holandês para o inglês e conseguir ler.
ExcluirFiz, há algum tempo, um estudo de revisão sobre todas as fontes dos Lemes. Está neste BLOG mesmo. Se puder, dá uma olhada depois. Abração!
Estou nessa confusão acompanhando vcs... Estou estudando meus ascendentes e cheguei a Pedro Lemes pela minha família de Ana das Dores Fleury ...
ResponderExcluirPrezada Agatha, há pouco tempo, publiquei um novo texto, com revisões bibliográficas e análises destas "confusões" envolvendo os Lemes. Dê uma olhada nas postagens mais recentes que você vai encontrar. Fiz o texto embasando-se em vários estudos recentes e antigos dos Lemes. Sdçs!
ExcluirO que é verdade ou lenda sobre os antepassados dos Lemes no qual tenho forte ancestralidade sei que no caso deles há muita confusão entre verdade e meia verdade.
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